PBH inicia derrubada de 73 árvores para receber corrida da Stock Car
Projeto foi dispensado de licenciamento ambiental, contrariando parecer técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) iniciou na quarta-feira (28), a derrubada de 73 árvores ao redor do estádio Mineirão, na região da Pampulha, para a realização de uma corrida da Stock Car na capital mineira. O Prefeito assumiu compromisso com a empresa, independente da aceitação da sociedade e da secretaria de meio ambiente que emitiu parecer contrário. Incrivelmente, o projeto foi aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam).
Para a superintendente da Amda, Dalce Ricas, não há surpresa: “É mais um ato ditatorial do poder público em Minas. A Prefeitura administra bens públicos. Não é dona deles. Trocar árvores com todos os benefícios que trazem para a população e para o meio ambiente por corridas de carro, nada mais é do que “servir’ ao poder econômico. E demonstra claro, a insensibilidade ou talvez desconhecimento do prefeito sobre a importância de respeitar e proteger o meio ambiente. É lamentável e vergonhoso”, diz.
O autódromo será instalado nas avenidas Antônio Abrahão Caram, Rei Pelé, Coronel Oscar Paschoal, Alfredo Camarate e Carlos Luz. O acordo que a PBH fechou com a Stock Car prevê realização de uma corrida anual durante cinco anos.
Entre as árvores que serão cortadas estão 14 ipês-amarelos, espécie considerada de preservação permanente, de interesse comum e imune ao corte pela Lei 9.743/88. Também serão derrubados espécimes de pau-ferro, ipê-rosa, ipê-roxo, oiti, saboneteira, alecrim-de-campinas, munguba, macaúba e paineira.
A área onde serão realizadas as corridas são classificadas pela própria prefeitura como “Conexão Verde”, por interligarem zonas de preservação ambiental e áreas de diretrizes especiais ambientais, visando melhoria da arborização urbana e formação de corredores ecológicos. Com a derrubada esses objetivos não serão atingidos
Impactos
No parecer, além da derrubada das árvores, a secretaria de meio ambiente prevê impactos como poluição sonora, emissão de poluentes e escoamento de óleos para a Lagoa da Pampulha. Não foram apresentadas justificativas para a escolha do local, nem alternativas locacionais para evitar a morte das árvores.
“Nas proximidades do local onde está previsto o trajeto da corrida, existem áreas de vegetação adensada, locais de refúgio de fauna, além do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais. O barulho pode causar estresse e até morte tanto dos animais que estejam no Hospital Veterinário, quanto os que habitam os fragmentos de mata existentes nas proximidades”, indicou o parecer.