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Cientistas pedem proteção do Cerrado

Bioma abriga mais de 4,8 mil espécies endêmicas de plantas e vertebrados.

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Cientistas pedem proteção do Cerrado

Em carta publicada na revista científica Nature Ecology and Evolution, mais de 40 pesquisadores do Brasil e do mundo pedem o fim da devastação no Cerrado para conter a crise climática. A publicação alerta para a perda de ecossistemas não florestais e os impactos para a biodiversidade, clima e povos tradicionais.

O Cerrado é essencial para a segurança hídrica no Brasil, visto que alimenta seis das oito grandes bacias hidrográficas brasileiras. Ele funciona como uma grande esponja, pois absorve e distribui a água ao longo de sua extensão, abastecendo grande parte da população brasileira.

O bioma abriga zonas de transição com a Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga e Pantanal. Isso reflete em sua expressiva riqueza de espécies. Nele está um terço da biodiversidade brasileira e 5% da global. Apesar da importância, o Cerrado já teve mais da metade da sua vegetação nativa derrubada.

Fragilidade

Em 2022, a taxa de destruição foi a maior em sete anos. No período o bioma perdeu mais de 1 milhão de hectares de vegetação nativa. O desmatamento concentra-se no Matopiba, fronteira agrícola que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

“A ênfase global em deter a perda florestal falhou em não reconhecer a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos prestados por biomas não florestais, como o Cerrado brasileiro. Nesta carta, destacamos a necessidade urgente de abordar sua destruição, inclusive na próxima Conferência das Partes (COP28), e de esforços coordenados para proteger esses ecossistemas”, ressaltaram autores.

Enquanto a Amazônia recebe a atenção do mundo com grandes fundos para conservação e iniciativas exclusivas, como moratória da soja, a savana brasileira carece de atenção. Atualmente, apenas 3% da área do bioma é legalmente protegida, enquanto 62% está em propriedades privadas.

No Cerrado, o Código Florestal determina a proteção de somente 20% a 35% da vegetação nativa presentes em imóveis rurais. Esse percentual sobe para 80% na Amazônia.

“Os mesmos esforços para combater o crescente desmatamento na Amazônia devem ser estendidos para combater a perda de vegetação natural no Cerrado e em outras regiões brasileiras. O Cerrado é crucial para a produção de alimentos e o lar de povos indígenas e tradicionais, que dependem da preservação de seus recursos naturais”, aponta o documento.

“Os mesmos esforços para combater o crescente desmatamento na Amazônia devem ser estendidos para combater a perda de vegetação natural no Cerrado e em outras regiões brasileiras. O Cerrado é crucial para a produção de alimentos e o lar de povos indígenas e tradicionais, que dependem da preservação de seus recursos naturais”, aponta o documento.

Os pesquisadores citaram estudos que preveem a extinção de aproximadamente 480 espécies exclusivas do bioma até 2050 se nada for feito. Eles afirmam que as soluções não são simples, mas é possível reverter o cenário com políticas de gestão do fogo e dos recursos hídricos, criação de corredores ecológicos, restauração áreas degradadas e proteção comunidades indígenas e tradicionais do bioma.