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Lobby dos combustíveis fósseis marca presença na COP28

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Lobby dos combustíveis fósseis marca presença na COP28
Crédito: Instituto Arayara

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), realizada em Dubai, se tornou um grande palco para o lobby dos combustíveis fósseis. Levantamento da coalização KBPO (Kick Big Polluters Out ou Expulse os Grandes Poluidores em tradução livre) revelou que participaram pelo menos 2.456 representantes de petroleiras e apoiadores do setor.

Os lobistas do petróleo, gás e carvão estão presentes desde as primeiras cúpulas do clima, mas nesse ano a quantidade foi recorde. O número foi mais de sete vezes a quantidade de indígenas participando oficialmente da conferência e quase quatro vezes maior na comparação com a última edição, quando 636 lobistas compareceram.

O grupo recebeu mais passes para a COP28 do que todas as dez nações mais vulneráveis ao clima, juntas. Para ativistas, essa é uma forma de comprometer o sucesso das negociações climáticas e ofuscar a participação de quem está na linha de frente da crise.

“A presença crescente [dos lobistas] na COP mina a integridade do processo como um todo. Viemos aqui para lutar pela nossa sobrevivência, mas quais chances temos se as nossas vozes são sufocadas pela influência dos grandes poluidores?”, alertou Joseph Sikulu, diretor da 350.org para o Pacífico.

Dados apurados pela KBPO apontam a participação de pelo menos 7.200 lobistas fósseis em conferências do clima nos últimos 20 anos. A maioria pertence a organizações e empresas sediadas em países desenvolvidos, como a Shell (Inglaterra) e TotalEnergies (França). Somente a Associação Internacional de Comércio de Emissões, com sede na Suíça, levou 116 representes para Dubai.

“Você realmente acha que a Shell, a Chevron ou a ExxonMobil estão enviando lobistas para observar passivamente essas negociações? Para promover soluções climáticas em benefício das comunidades cujo ar e água poluem? Para colocar as pessoas e o planeta acima do lucro e dos seus dólares gananciosos?”, questionou Alexia Leclercq, da Start: Empowerment.