Quatro novas espécies de plantas são descobertas nos campos rupestres mineiros
Os campos rupestres e as cadeias montanhosas de Minas guardam riquezas escondidas, desconhecidas até pela ciência. Este é caso de quatro espécies de plantas, que só foram encontradas neste ano por pesquisadores na Serra do Padre Ângelo, no Vale do Rio Doce. Embora as descobertas sejam recentes, as espécies já enfrentam grave ameaça de extinção devido à degradação dos ambientes onde vivem.
As novas espécies foram descritas em três artigos, publicados entre janeiro e março. A primeira planta catalogada, Hyptidendron pulcherrimum, trata-se de um belo exemplar de flores roxas da família Lamiaceae, a mesma do manjericão e orégano. Ela cresce em altitudes entre 1.000 e 1.530 metros em uma única montanha na Serra do Padre Ângelo.
A segunda espécie descrita, também é considerada rara. Ela foi batizada de Paepalanthus oreodoxus e pertencente à família Eriocaulaceae, que possui 10 gêneros e cerca de 1.200 espécies, encontradas em diversos locais do mundo. Só nos campos rupestres do Brasil, ocorrem ao menos 600 espécies da família.
Embora o grupo seja grande, a nova espécie de sempre viva cresce isolada, a mais de 200 quilômetros de distância da parente mais próxima, localizada na Serra do Espinhaço. Ela foi identificada no topo de montanhas em uma área de campos rupestres recentemente descoberta, em altitudes entre 1.400 e 1.530 metros.
Entre as novas descobertas, também estão duas espécies de margaridas: Lepidaploa campirupestris e Lessingianthus petraeus. A primeira cresce em altitudes entre 1.025 e 1.530 metros, em campos de vegetação rupestre, enquanto a segunda ocorre no Pico da Aliança, em Alvarenga (MG), também em altas altitudes.
Diversidade e endemismo
O botânico Guilherme Medeiros Antar, líder dos estudos sobre as margaridas, explica que, além da grande biodiversidade presente nos campos rupestres, eles também são conhecidos pelo alto número de espécies endêmicas, ou seja, que não ocorrem em nenhum outro local no mundo.
A Serra do Padre Ângelo, abriga até plantas carnívoras, como Drosera magnifica, descrita em 2015. O botânico Paulo Gonella, um dos responsáveis pela descoberta da variedade carnívora e das outras plantas descritas neste ano, ressalta que a conservação dos remanescentes florestais da região é urgente e requer o envolvimento da sociedade, poder público e municípios.
Um berço de novas espécies, os campos rupestres mineiros são ecossistemas frágeis e que carecem de proteção legal. “Se nada for feito para a proteção dessas montanhas, podemos perder essas espécies antes mesmo que possamos saber quem são ou que existiram um dia”, destacou Gonella.
Com informações de O Eco