Notícias

Mais uma vez, Minas Gerais é campeã de desmatamento da Mata Atlântica

Mais uma vez, Minas Gerais é campeã de desmatamento da Mata Atlântica
Mata Atlântica é considerada um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo./Crédito: Germano Woehl Jr./ Instituto Rã-bugio.

Mais uma vez Minas Gerais é campeã de derrubada de Mata Atlântica no país, perdendo aproximadamente 5.000 hectares (ha) de floresta nos últimos dois anos, quase o dobro da área desmatada entre 2017 e 2018. As informações são do Atlas da Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Para a Amda, a continuidade do desmatamento reflete a continuidade do desinteresse do poder público pela proteção do bioma. A expansão da fronteira agropecuária – apesar da quantidade de áreas já desmatadas e inutilizadas – crescimento urbano, fabricação de carvão, minerações predatórias e incêndios são citados pela Amda como as principais causas do desmatamento.

A entidade acredita que sem uma política de governo, representada por um Plano de Proteção da Mata Atlântica, que envolva outras secretarias de Estado, órgãos da administração pública e não somente a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), além de prefeituras, o desmatamento continuará.

A fiscalização contra o desmatamento é responsabilidade da Semad e Polícia Militar de Meio Ambiente, mas, para ambientalistas, ela tem se tornado cada vez mais frágil e insuficiente. Para a Amda, fiscalização é fundamental, desde que atrelada a outras políticas públicas, como licenciamento ambiental, crédito agrícola e planejamento do uso do território. A entidade lembra que nem mesmo o Cadastro Rural Ambiente (CAR) foi regulamentado no Estado, apesar dos discursos.

“O poder público não tem direito de se omitir. Ao contrário, tem obrigação legal de proteger o que restou da Mata Atlântica em Minas, patrimônio nacional e estadual pelas respectivas constituições. Mas o que temos visto é uma escalada de atos autoritários na área ambiental, provavelmente “abençoados” por setores privados da economia e políticos que se beneficiam da destruição do bioma”, afirmou Dalce Ricas, superintendente da Amda.

Desmatamento no país

O índice de desmate também cresceu na maior parte dos estados sob domínio da Mata Atlântica, após dois períodos consecutivos de queda. Entre 2018 e 2019 o bioma perdeu mais de 14.502 hectares, um aumento de 27,2% em comparação ao último período analisado, 2017-2018, quando o desmatamento atingiu 11.399 ha.

Além de Minas Gerais, Bahia e Paraná foram os estados que mais contribuíram com a destruição do bioma. Em segundo lugar no ranking do desmatamento, a Bahia foi responsável pela perda de 3.532 hectares, seguida pelo Paraná, com 2.767 ha.

A diretora executiva da SOS Mata Atlântica e coordenadora geral do Atlas, Marcia Hirota, explica que em muitos estados o desmatamento ocorre sob o chamado “efeito formiga”, no qual desflorestamentos pequenos continuam acontecendo em várias regiões, mas o satélite não enxerga. “É a floresta nativa sendo derrubada aos poucos, principalmente pelo avanço de moradias e expansão urbana”, explicou.

Abrangência

A maior parte do que restou da Mata Atlântica está em Minas Gerais, correspondendo a 17% do bioma e aproximadamente 2,8 milhões de hectares. Em seguida vêm São Paulo e Paraná (com cerca de 2,3 milhões cada), Santa Catarina (2,2 milhões), Bahia (2 milhões) e Rio Grande do Sul (1 milhão de hectares).

A Mata Atlântica é considerada um dos biomas mais ricos e ameaçados do mundo. Hoje restam apenas 12% de sua cobertura original.

Notícia relacionada:

Ambientalistas denunciam novas ameaças à Mata Atlântica