Emissões de CFCs estão mais altas que o previsto
A redução gradativa da produção de gases clorofluorocarbonetos (CFCs), desde 1987, freou o avanço dos danos na camada de ozônio, permitindo que ela crescesse de 1 a 3% por década desde os anos 2000. No entanto, uma investigação conduzida por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), indicou que ainda há fontes emitindo CFCs na atmosfera.
No século passado, a camada de ozônio sofreu com o uso indiscriminado de produtos químicos do tipo CFC, utilizados principalmente pela indústria de equipamentos de refrigeração. Com a assinatura do Acordo de Montreal, na década de 1980, quase 200 países se comprometeram a eliminar gradualmente estes compostos, potentes gases de efeito estufa. No Brasil, eles são proibidos desde 1999.
Apesar dos esforços, os níveis de duas classes de clorofluorocarbonetos, CFC-11 e CFC-12, continuam altos na atmosfera. Inicialmente o aumento foi atribuído a uma fonte no leste da China. Entretanto, a produção ilegal das substâncias no país caiu e, mesmo assim, as emissões de CFC-11 e 12 estão maiores do que o esperado.
Os pesquisadores do MIT descobriram que a origem das emissões não está na produção clandestina, mas no grande volume de espumas de isolamento acústico, refrigeradores e outros equipamentos antigos, produzidos antes do esforço global para banir os compostos, que formam verdadeiros “bancos” de CFCs.
Análises anteriores consideravam os bancos inofensivos e incapazes de esgotar o ozônio existente na atmosfera, por isso os equipamentos que antecedem a eliminação global dos CFCs permanecem intactos.
Segundo o MIT, os bancos permitem que os produtos químicos sejam emitidos lentamente e em concentrações que, se deixadas sem controle, atrasariam a recuperação do buraco no ozônio em seis anos e adicionariam à atmosfera o equivalente a 9 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
Em 2018, o buraco da camada sobre o polo sul chegou a medir 24,8 km², aproximadamente 16% menos do que o recorde de 29,6 km² registrado em 2006, indicou relatório da ONU. Para que a camada se regenere ainda mais, é preciso controlar as emissões atuais de poluentes.
Na visão da coautora do estudo, Susan Solomon, para impedir o vazamento de CFC é preciso recuperar ou destruir os equipamentos poluidores.
“Antes de demolir um edifício, você pode tomar medidas cuidadosas para recuperar a espuma de isolamento e enterrá-la em um aterro, ajudando a camada de ozônio a se recuperar mais rapidamente e talvez impedindo parte do aquecimento global como um presente para o planeta”, recomendou.
CFC-13
As concentrações de outra classe de clorofluorocarbonetos, o CFC-13, também subiram nos últimos anos, disseram os especialistas do MIT. Ele foi muito utilizado como solvente de limpeza e após o banimento dos CFCs seu uso ficou restrito a fabricação de outras substâncias químicas.
Acreditava-se que seu uso como matéria-prima não permitiria grandes vazamentos. Porém, os pesquisadores descobriram que estão sendo emitidos 7 bilhões de gramas de CFC-13 por ano na atmosfera – quase o mesmo que o pico do CFC-11, que atingiu cerca de 10 bilhões de gramas por ano.
Segundo a principal autora do estudo, Megan Lickley, “os dois gases são semelhantes em termos de esgotamento de ozônio e potencial de aquecimento global. Portanto, este é um problema significativo”, destacou.