Quase 2 mil espécies são incluídas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas
A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) incluiu 1.840 espécies na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. No total, a lista informa o status de ameaça de 112.432 espécies da fauna e flora de todo o mundo. A informação foi divulgada durante a Conferência do Clima da ONU (COP 25), realizada em Madri, na Espanha.
Entre os fatores que contribuíram para o declínio de novas espécies estão as mudanças climáticas. A atualização da lista revela que 37% das espécies de peixes de água doce da Austrália estão ameaçadas de extinção, sendo pelo menos 58% diretamente afetadas pelas alterações do clima. Os peixes são altamente suscetíveis a secas extremas causadas pelo declínio das chuvas e aumento das temperaturas. As variações climáticas também agravam a ameaça de espécies exóticas invasoras, que podem se deslocar para novas áreas com a mudança da temperatura da água e do fluxo.
A classificação de perigo de algumas espécies se agravou, como o tubarão-enfermeiro de cauda curta (Pseudoginglymostoma brevicaudatum). Em 30 anos, sua população diminuiu cerca de 80%. O animal passou da categoria “vulnerável” para “criticamente em perigo”. Nativo do Oceano Índico Ocidental e habitante das águas rasas, o tubarão está perdendo seu habitat devido à degradação dos recifes de coral, causada em parte pelo aquecimento das águas do oceano.
O papagaio imperial (Amazona imperialis) também está em situação crítica. Ele é endêmico de florestas da Dominica, localizada no arquipélago das Pequenas Antilhas, no mar do Caribe. A frequência e intensidade dos furacões promoveram o aumento da mortalidade dessas aves e destruição de seus habitats. Depois do furacão Maria, ocorrido em 2017, o mais forte registrado na região, estima-se que agora existam menos de 50 desses indivíduos na natureza. A espécie está classificada como “criticamente ameaçada”.
Para a diretora global do Grupo de Conservação da Biodiversidade da UICN, Jane Smart, a atualização da lista vermelha revela os impactos cada vez maiores das atividades humanas na vida selvagem e levará questões importantes para os próximos encontros sobre conservação e biodiversidade. “O próximo ano será crítico para o futuro do planeta, com o Congresso Mundial de Conservação da UICN, em junho de 2020, um marco importante para definir a agenda de conservação necessária para lidar com a emergência das espécies antes das decisões tomadas pelos governos na Convenção da Biodiversidade, que acontecerá em Kunming, China, em outubro de 2020”, disse.