Mudanças climáticas ameaçam espécies de café selvagem
O café, base de uma das bebidas mais consumidas no mundo, está severamente ameaçado por três fatores: desmatamento, doenças e aquecimento global. Segundo uma pesquisa britânica, 75 das 124 espécies de café silvestre – consideradas as mais saudáveis e saborosas – estão em vias de extinção. Isto é, 60% das variedades conhecidas da planta podem desaparecer. É uma das maiores taxas registradas até o momento.
A análise foi a primeira a ser realizada sob os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Para obter os resultados, os cientistas do Royal Botanic Gardens de Kew (RBG), em Londres, estudaram as espécies por mais de 20 anos. As descobertas foram publicadas em janeiro nos periódicos científicos Science Advances e Global Change Biology.
Trata-se de uma tendência observada desde 2012, quando os pesquisadores já haviam alertado para as possíveis extinções em massa. Por meio de projeções computadorizadas, eles previram reduções de até 85% até 2080, nas áreas propícias para cultivo da variedade mais consumida, o café arábica (Coffea arabica). A espécie sofre especialmente com as mudanças do clima.
“No caso do arábica, as mudanças climáticas têm um impacto ainda maior em sua sobrevivência do que o desmatamento”, comentou o botânico Aaron Davis, líder das pesquisas em café do RBG.
Preservação
Uma possível solução para proteger as espécies cafeeiras seria a criação de bancos de sementes, onde cada grão selvagem seria preservado e estudado. Hoje, pouco mais da metade encontra-se em reservas genéticas e as medidas de conservação adotadas ainda são insuficientes, considerando a grande descrença mediante as alterações climáticas.
De acordo com os pesquisadores, o trabalho não se restringe a mostrar os impactos do aquecimento global sobre o café. Pelo contrário: se estende a todas as espécies de plantas silvestres, especialmente aquelas que desempenham um papel crítico na sustentabilidade do futuro do planeta e no bem-estar de seus habitantes.
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