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Excesso de barulho pode provocar estresse pós-traumático em aves

Excesso de barulho pode provocar estresse pós-traumático em aves
A Sialia Mexicana foi umas das aves estudadas /Crédito: Dave Keeling

Estudo recentemente publicado na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) indica que pássaros expostos a ruídos crônicos podem sofrer estresse pós-traumático e sérios danos em sua fisiologia e comportamento. Os pesquisadores constataram dificuldade de reprodução e até atrofiamento no corpo de filhotes. Também foi observado que alguns pássaros possuíam corpo menor e com menos penas em relação às comunidades que não vivem em regiões barulhentas. Os danos seriam resultado da distorção dos níveis de cortisol (hormônio relacionado ao estresse), causado pelo aumento da ansiedade e vigilância.

A pesquisa foi realizada perto de operações de petróleo e gás no norte do Novo México. Os cientistas acompanharam três espécies de aves que se reproduzem no local para avaliar suas respostas diante do ambiente barulhento. Ao todo foram estudados 240 locais de nidificação em 12 regiões. Amostras de sangue coletadas pelos cientistas indicaram que os animais continham os mesmos sintomas físicos que um ser humano que sofre de estresse pós-traumático.

“Eles não conseguem obter informações do ambiente, descobrir o que está acontecendo e, por isso, estão sempre estressados”, explicou Rob Guralnick, um dos autores do estudo e pesquisador do Museu de História Natural da Flórida.

O que ninguém imaginaria é que os níveis de cortisol dos pássaros estivessem baixos. Embora isso leve a acreditar que os animais estariam menos estressados, o resultado indica justamente o contrário. Segundo os acadêmicos, os animais passaram por um estresse tão grande que, gradativamente, diminuíram a produção do hormônio como um mecanismo de defesa. Segundo Christopher Lowry, fisiologista e coautor da pesquisa, quando há uma demanda constante por fuga ou luta, o corpo às vezes se adapta para economizar energia e, consequentemente, também o hormônio.

Os acadêmicos defendem a ideia de que mudanças drásticas na acústica dos ambientes ameaçam as espécies habitantes. “A degradação do habitat sempre é concebida como um corte claro ou uma mudança no meio ambiente de forma física. Mas isso é uma degradação acústica do meio ambiente. Acreditamos que é uma preocupação de conservação real”, enfatizou Guralnick.