Cientistas alertam que humanidade não progrediu na conservação do planeta
Em 1992, carta assinada por 1.700 pesquisadores da Union of Concerned Scientists alertou que os seres humanos estavam “em um curso de colisão com a natureza”. Após 25 anos, uma segunda carta, desta vez assinada por 15.364 cientistas de 184 países, aponta que as ameaças ao planeta agora são mais severas. O documento foi publicado pela revista científica BioScience.
Na primeira carta, os cientistas descreveram como nos aproximamos, rapidamente, dos limites que a biosfera pode tolerar sem trazer um dano substancial e irreversível. Conforme o novo estudo, quase todas as ameaças se tornaram mais graves, como a crescente população mundial, que adicionou 2 bilhões de pessoas ao planeta desde a década de 90, um aumento de 35%.
De lá pra cá, se verificou uma redução de 26% na disponibilidade de água doce per capita, aumento de 75% em zonas do oceano que não possuem vida e perda de cerca de 300 milhões de hectares de floresta. Alguns dos problemas agravados foram os desmatamentos, a emissão de gases de efeito estufa e a extinção em massa de diversas formas de vida, que podem ser aniquiladas ou até extintas até o final do século. O único avanço alcançado foi na preservação da camada de ozônio. Fora isso, “a humanidade não conseguiu fazer progresso suficiente”, pontuaram os cientistas.
“Especialmente preocupante é a trajetória atual das mudanças climáticas potencialmente catastróficas devido ao aumento de gases de efeito estufa da queima de combustíveis fósseis, desmatamento, e produção agrícola, particularmente de ruminantes para consumo de carne”, pontuou a carta.
O levantamento enfatizou que enquanto medidas urgentes não forem tomadas, o planeta não será salvo. Mas apesar das previsões não serem favoráveis, os especialistas listaram uma série de medidas para adotarmos um crescimento sustentável:
Priorizar a instituição de reservas ambientais, bem financiadas, nos habitats marinhos e terrestres;
Manter o ecossistema da natureza, interceptando a conversão de florestas em pastagens;
Desenvolver políticas para acabar com a caça furtiva e a exploração do comércio de espécies ameaçadas;
Reduzir o desperdício de alimentos através da conscientização da população, além de promover a reeducação alimentar para evitar o consumo exacerbado de carne;
Limitar as taxas de fertilidade, garantindo que mulheres e homens tenham acesso à educação de planejamento familiar;
Incentivar a educação ao ar livre, especialmente para crianças, a fim de estimular a apreciação da natureza;
Promover a educação para o consumo e incentivar o desenvolvimento de tecnologias ecológicas, visando também diminuir disparidades sociais.