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Aeroporto que salvaria Parque Nacional Serra da Capivara funciona há quatro meses sem voos comerciais
A esperança para o Parque Nacional Serra da Capivara se recuperar e continuar a sobreviver era a inauguração do Aeroporto Internacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no interior do Piauí. A expectativa era de que o empreendimento, bancado pela União e pelo Estado, atraísse mais turistas. Mas quatro meses após a inauguração, o aeroporto nunca recebeu um voo comercial.
Com 129.140 hectares, o Parna abrange áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. O parque é uma das últimas áreas do semiárido possuidoras de importante diversidade biológica, com espécies da fauna e flora específicas e pouco estudadas.
Declarado pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1991, o parque abriga um dos maiores sítios arqueológicos a céu aberto das Américas. Mesmo com o título, governo e população parecem ainda não entender sua importância. Durante mais de uma década, a unidade de conservação ficou abandonada, sofrendo com depredações, desmatamentos e redução da fauna e flora local. O turismo poderia salvar o parque dos problemas de falta de verba, pessoal e estrutura.
Segundo o governo do Piauí, a obra do aeroporto demorou em função de atrasos no repasse do Ministério do Turismo e por um embargo do Ministério Público Federal, que investigava irregularidades. O aeroporto tem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para funcionar, mas as companhias dizem não haver demanda.
De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, o estado oferece isenção de tarifas e subsídios às empresas e até se propôs a patrocinar voos com publicidade na aeronave. “Mas as companhias não conseguem fechar equação financeira para viabilizar operações”, relata o secretário de Transportes do Piauí, Guilhermano Pires.
O estado negocia com a empresa paraense de táxi-aéreo Piquiatuba, que pretende começar a operar em março. Os voos serão feitos duas vezes por semana, em aviões para 30 passageiros, segundo o diretor Fábio Pazetto.
Atualmente, apenas 25 aeronaves particulares, com cerca de 80 passageiros, passam pela pista do aeroporto por mês. O terminal de passageiros permanece fechado desde a inauguração e o custo mensal de manutenção do aeroporto é de R$ 150 mil, pagos pelo estado do Piauí.
Dedicação
Em julho do ano passado, a Amda conversou com a arqueóloga Niéde Guidon, uma das responsáveis pelo Parna. Na época, era aguardada a liberação da pista do aeroporto pela ANAC. Um turista chegou a criar uma petição online para tentar acelerar o processo.
Guidon teve o primeiro contato com as pinturas rupestres que o Parna Serra da Capivara abriga em 1963. Desde então, iniciou uma caminhada pela proteção e sobrevivência do parque. Ela coordenou a implantação da infraestrutura turística e do Plano de Manejo da unidade de conservação e participou do processo de inclusão do Parna na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, entre tantos outros feitos.
Para ela, somente o aeroporto pode salvar o parque. “Quanto ao impacto do aeroporto devemos pensar que a demanda turística é grande, mas a maioria desiste por falta de infraestrutura receptiva, tanto por causa dos péssimos acessos como pela falta de hotelaria. Existem grupos hoteleiros interessados em construir hotéis aqui, mas esperam que o aeroporto funcione e que haja linhas aéreas pousando. O turismo é, sem dúvida, praticamente a única maneira de desenvolver a região. Basta ver os níveis de visitação de outros locais que são Patrimônio da Humanidade, mas que, mesmo com uma riqueza às vezes menor, tem uma infraestrutura adequada”, comentou.
Confira a entrevista completa com Niéde aqui.