Array
Notícias

Eurocâmara articula extinção dos testes de cosméticos em animais em todo o mundo

Array
Eurocâmara articula extinção dos testes de cosméticos em animais em todo o mundo
Crédito: Reuters

A utilização de animais em testes de cosméticos e seus ingredientes é proibida desde 2009 na União Europeia. Há cinco anos, o grupo também vetou o comércio de produtos testados em animais. Mas cerca de 80% dos países do mundo ainda autorizam os experimentos. Por isso, deputados do parlamento europeu reivindicam que o bloco e seus estados-membros se posicionem contra a prática em outros países e desenvolvam métodos alternativos.

Por meio de resolução aprovada no início deste mês, os parlamentares também pretendem impedir que as empresas burlem a lei. Muitas vezes, elas testam seus produtos em animais fora da UE – onde não há impedimento legal – antes de desenvolverem testes alternativos em países do grupo. Dessa maneira, conseguem comercializar seus artigos livremente.

A ideia é que o apelo chegue até as Nações Unidas. Para a Eurocâmara, banir os testes não desacelerou a indústria dos cosméticos na Europa, visto que o setor gera 2 milhões de empregos e é o maior mercado de cosméticos do mundo. Portanto, o órgão acredita que a experimentação em animais não se justifica mais para o segmento.

Testes no Brasil

Os experimentos no país não são proibidos em nível nacional, mas existem propostas que almejam o fim dos testes em animais. O Projeto de Lei 70/2014, de autoria do deputado Ricardo Izar (PP/SP), proíbe experimentos em bichos pela indústria cosmética, veda o comércio de produtos que tenham sido testados em animais e incentiva técnicas alternativas para avaliar a segurança dos produtos.

A proposta tramita simultaneamente com os projetos de lei do Senado 438/13, do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), e 45/14, de Álvaro Dias (Pode-PR). Todos buscam banir os testes.

Em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel vetou, no início deste ano, o PL 2.844/15 – que proíbe uso de animais em testes de cosméticos -, aprovado por unanimidade pelos deputados da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG). A decisão causou repúdio de ambientalistas e sociedade civil. Os parlamentares ainda podem derrubar o veto do governador quando a matéria for novamente apreciada. E você pode pressionar os deputados a lutarem pelos animais.

Vote contra o veto na enquete online da ALMG.

Bastidores

Porquinhos-da-índia, camundongos, coelhos, macacos, cães, porcos e até baratas são utilizados como cobaias da indústria cosmética. Segundo a ONG Cruelty Free International, em 2016 mais de 115 milhões de animais foram usados em experimentos.

Dentre os métodos utilizados estão aplicação de substâncias nocivas, exposição à radiação, remoção de órgãos ou tecidos, inalação de gases e exposição a situações que causam depressão e ansiedade.

A dose letal, por exemplo, é utilizada para determinar quão tóxicas são determinadas substâncias para os humanos. Os macacos são as maiores vítimas por terem o organismo mais parecido com o nosso. Uma sonda gástrica é inserida na garganta do animal para forçá-lo a ingerir a substância a ser testada, o que quase sempre provoca dor, convulsão, diarreia, sangramentos e lesões internas.

O objetivo é saber qual é a dose máxima que o organismo pode suportar. Por isso, mesmo que a substância seja segura, é comum buscar uma concentração que leve as cobaias à morte. O estudo é feito em um grupo de animais e a tortura dura alguns dias até que metade morra – daí o nome LD 50 (sigla em inglês para dose letal 50%). Os que sobrevivem também são sacrificados.

Saiba mais sobre os testes realizados nos animais