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Mundo perdeu 14% da superfície de corais em 10 anos

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Mundo perdeu 14% da superfície de corais em 10 anos

Entre 2009 e 2018, o mundo perdeu 14% de seus corais, isto é, em quase 10 anos 11.700 quilômetros quadrados de recifes de coral desapareceram. A informação é da sexta edição do relatório “Estado dos Recifes de Coral do Mundo: 2020”, produzido pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN).

O volume de coral perdido é maior que o existente na Austrália hoje, país que abriga a Grande Barreira de Corais, o maior conjunto recifal do planeta. Os pesquisadores analisaram 12 mil regiões de recife em mais de 70 países para produzir o maior estudo sobre a situação dos corais a nível global.

Dentre as causas do desaparecimento dos corais, o estudo indica o aquecimento global como como o principal motivo. Com as águas mais quentes, os corais sofrem com o branqueamento, fenômeno que ocorre quando algas microscópicas, que vivem em simbiose com o coral, são expulsas pelo calor. Responsáveis por dar cor e também alimentar o coral, sem a presença dessas plantas ele torna-se frágil e suscetível a doenças.

Nos últimos anos, as temperaturas oceânicas e terrestres bateram recorde. O ano passado foi considerado o mais quente ao lado de 2016. Em 2020, os termômetros ficaram 1,25 °C acima do período pré-industrial (1850-1900), fazendo dos últimos seis anos os mais quentes desde o início dos registros.

As consequências do calor sobre corais são cada vez mais evidentes. Nos últimos 30 anos, a Grande Barreira de Corais da Austrália perdeu 50% de seu tamanho. Estima-se que, nos últimos 150 anos, o mundo perdeu metade dos seus recifes de corais.

“Os recifes de corais estão entre os mais vulneráveis ecossistemas do planeta devido às ações antrópicas, principalmente aquelas influenciadas pelas mudanças climáticas, como eventos de branqueamento em massa, tempestades tropicais e acidificação dos oceanos”, apontou o relatório. Além das mudanças climáticas, os corais são afetados pela poluição marinha, pesca predatória e doenças.

Perda de corais pode extinguir 40% dos peixes de recifes

Os corais ocupam apenas 0,2% da superfície oceânica, mas abrigam 25% da biodiversidade marinha. Eles servem de abrigo para inúmeras espécies de peixes e de outros animais aquáticos, que não conseguem sobreviver sem eles.

Um estudo publicado em junho deste ano pela Universidade de Helsinque, mostrou que as mudanças climáticas podem exterminar os corais e, consequentemente, causar perda de 40% das espécies de peixes que vivem nos recifes. Espera-se que esse desdobramento seja ainda mais intenso em alguns lugares, como no Pacífico Central, cuja perda esperada é de mais de 60%.

Além de forneceram abrigo para outros animais, os recifes funcionam como barreiras naturais contra as ondas – protegendo o litoral contra erosões –, fornecem alimento para milhões de pessoas, são fonte de substâncias para a indústria farmacêutica e impulsionam o turismo.

Os serviços que os corais prestam às populações litorâneas todos os anos são estimados em 2,7 trilhões de dólares. Desse valor, 36 bilhões de dólares são originados do turismo. Estima-se que 1 bilhão de pessoas dependam diretamente dos corais para sobreviver. Os recifes são indispensáveis para o bem estar das populações tropicais e de todo o planeta, por isso é urgente a sua conservação.

Salvando os corais

A boa notícia é que os corais podem se regenerar. Já foi observada recuperação das colônias em alguns locais. Em 2019, os corais recuperaram 2% de sua área. “Esses aumentos na cobertura são importantes, pois indicam que muitos dos recifes do mundo permanecem resistentes e podem se recuperar se as condições permitirem”, afirmaram os autores do estudo.

“Há tendências inquietantes de perda de corais, e podemos esperar que continuem enquanto o aquecimento global aumenta. Apesar disso, alguns recifes mostraram uma notável capacidade de se recuperar, o que oferece esperança para a recuperação futura dos recifes degradados”, afirmou Paul Hardsty, CEO do Instituto Australiano de Ciência Marinha

De acordo com o pesquisador, é importante manter o aumento da temperatura global bem abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, como determina o Acordo de Paris, além de unir esforços para combater a pesca predatória e a poluição dos oceanos. Só assim, os oceanos serão ambientes saudáveis para os corais.