Projeto desenvolve dispositivo contra captura acidental de tartarugas
Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) estão desenvolvendo dispositivo para salvar tartarugas marinhas capturadas por embarcações pesqueiras. Conhecido como Turtle Excluder Device (TED), o mecanismo é acoplado às redes de arrasto, utilizadas na pesca de camarão, para permitir o escape de animais presos acidentalmente.
O TED consiste em uma grade metálica que permite a passagem de animais pequenos, a exemplo dos camarões, mas barra os maiores, como tartarugas, tubarões e raias. Esses animais são excluídos da rede por uma espécie de janela inserida no túnel da rede de arrasto. Sem este dispositivo, as espécies capturadas acidentalmente são jogadas novamente ao mar, geralmente feridas e sem condições de sobreviverem.
No Brasil, o uso do dispositivo é obrigatório desde 1994, mas a maioria dos pescadores não o utiliza em suas embarcações, por acreditarem que ele prejudica a pesca. Por isso, os pesquisadores estão desenvolvendo um modelo mais eficiente que equilibre a captura de camarões e a redução da fauna acompanhante.
Os primeiros testes do BR-TED foram realizados em fevereiro, a bordo de uma embarcação de pesca da frota de Pirambu, em Sergipe. Após alguns ajustes, o dispositivo se mostrou eficaz, tanto para a pesca, quanto para a o escape de tartarugas. Ainda neste ano, a equipe de Engenharia de Pesca da UFRPE fará outro cruzeiro para conduzir mais testes.
A ferramenta atenderá especialmente a frota que atua do sul do Alagoas até o norte da Bahia. A área compreende o maior sítio reprodutivo de tartarugas-oliva do Brasil e um dos mais importantes do Atlântico Sul, com cerca de 14 mil registros reprodutivos por ano, dos quais 80% são da espécie.
O local também é um dos mais importantes para pesca de arrasto de camarão, reconhecida como uma das maiores ameaças às tartarugas marinhas. Das cinco espécies encontradas no país, todas estão ameaçadas de extinção.
Dispositivos similares, adaptados às características de cada frota, também estão em teste no Espírito Santo, Alagoas, Pernambuco, Pará, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do sul.
Além da UFRPE, o Projeto Tamar, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), atua na iniciativa que buscar minimizar o impacto da pesca de camarões em áreas de ocorrência de tartarugas.
Com informações de Projeto Tamar e ICMBio
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