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Morre o cientista, escritor e ambientalista mineiro Ângelo Machado

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Morre o cientista, escritor e ambientalista mineiro Ângelo Machado
Crédito: Divulgação

O movimento ambientalista sofreu uma perda inestimável nesta segunda-feira (6), com o falecimento do professor, médico, escritor e entomologista mineiro Ângelo Barbosa Monteiro Machado. Ele sofria de uma doença degenerativa muscular e morreu na manhã de ontem, aos 85 anos, devido a uma parada cardíaca.

Dedicou-se à ciência durante toda sua vida, sendo uma das personalidades mais respeitadas entre os cientistas. No campo da entomologia, as libélulas eram sua verdadeira paixão, tendo descrito 98 espécies e 11 gêneros do inseto.

Ângelo era doutor em medicina pela UFMG e pós-doutor na Northwestern University (Chicago). Foi diretor-presidente da Fundação Biodiversitas e integrante do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Para o jornalista e ex-coordenador de comunicação da Biodiversitas, Thiago Bernardo, além de professor, pois ensinava a todos, Ângelo Machado era um amigo. “Qual não foi minha surpresa ao vê-lo em meu casamento, há quase 8 anos, logo após uma internação hospitalar dizendo que era a primeira ‘cervejinha’ que tomava depois de sair do hospital”, contou.

Passados anos ao lado do professor, o jornalista o colocou no patamar das mentes mais brilhantes em muitas áreas. Medicina e zoologia não eram seus únicos talentos, Machado foi referência na literatura, sobretudo a infanto-juvenil, com cerca de 50 obras publicadas. Em 1993, recebeu o mais tradicional prêmio literário do Brasil, o Prêmio Jabuti.

“Vai-se um cientista sem igual, justo agora que vivemos tanto negacionismo científico. Mas seu legado é maior que qualquer achismo que se fortalece hoje em dia. Agradeço pelos seus ensinamentos, seus conselhos. Mas bom mesmo eram nossos papos, recheados de risadas – entre amigos seu humor era ainda mais afiado – e de conhecimentos, com uma perspicácia sem paralelos. Até as libélulas estão tristes hoje. Vá em paz meu amigo”, declarou Thiago.

Dalce Ricas, superintende executiva da Amda, em nome da entidade expressou a tristeza pela morte do cientista. “Perder pessoas como Ângelo nos mostra como é difícil conviver com a morte, mesmo sabendo racionalmente que ela é inevitável. Mas seu legado o manterá vivo em nossa memória. É impossível esquecer seu senso de humor, que usava inclusive para espetar, quando era necessário, o poder público e empresas na área ambiental. Ângelo era brilhante, genial e sempre encarou a vida com bom humor”, lembrou.