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Mexicanos criam couro ecológico de cacto

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Mexicanos criam couro ecológico de cacto
Adrián López e Marte Cázarez

Dois jovens mexicanos pretendem revolucionar a indústria da moda. A partir do cacto, eles criaram um couro vegano, livre de crueldade animal, sem produtos químicos tóxicos e parcialmente biodegradável. Depois de dois anos de testes e pesquisas, eles desenvolveram um produto resistente e com durabilidade mínima de 10 anos.

Adrián López e Marte Cázarez possuem atualmente dois hectares para cultivo da espécie Opuntia ficus-indica na cidade de Zacatecas, capital do estado de mesmo nome. López explica que esta é uma família de cactos que não precisa de irrigação, possui espinhos muito pequenos e é resistente ao frio, o que garante produção contínua de matéria-prima ao longo do ano.

“Cortamos as pencas maduras, sem matar a planta, para serem limpas e esmagadas. Posteriormente, são secas ao sol por três dias consecutivos. O processo seguinte é refinar a trituração até atingirmos um nível adequado de pulverização. Então, para esse pó, uma proteína presente no cacto é extraída por meio de um método de congelamento. Finalmente, é feita uma mistura (que patenteamos) entre esse extrato e o pó de cacto, entre outros aditivos naturais que nos permitem fazer a ligação molecular entre a química sintética e orgânica, preservando o desempenho, a estética e a qualidade do material a ser fabricado”, explicou López. O couro ainda pode ser personalizado conforme o gosto e necessidades do cliente, como espessura, cores, texturas, suportes, resistência ao rasgo e à tração e flexibilidade.

O produto foi lançado oficialmente no início de outubro na exposição Lineapelle, em Milão, Itália. “A recepção do nosso material tem sido bastante positiva em todo o mundo. Confirmamos que as indústrias têm um interesse genuíno em contribuir para o cuidado ambiental. Atualmente, estamos trabalhando em projetos importantes na indústria da moda, calçados, automotivo e até aeronáutica”, revelou López.

A indústria têxtil e de vestuário é a segunda maior poluidora, atrás somente da do petróleo. Estudo desenvolvido pela Fundação Ellen MacArthur aponta que 93 bilhões de metros cúbicos de água são consumidos por ano pela indústria do vestuário. Em média, 20% da poluição industrial da água em todo o mundo provêm desse mercado.

Com capacidade de expansão para até 40 hectares de cultivo, os mexicanos pretendem transformar a marca Desserto em uma grande fornecedora para suprir a indústria da moda, de móveis, artigos de couro em geral e até a indústria automotiva.