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Greta Thunberg é alvo de críticas e insultos

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Greta Thunberg é alvo de críticas e insultos
Greta Thunberg em discurso na Cúpula do Clima / Crédito: Getty Images

O forte discurso da ativista ambiental sueca Greta Thunberg na abertura da Cúpula do Clima, no último dia 23, desencadeou uma série de ataques, críticas e até fake news. O discurso de ódio insultou a emoção da ativista, suas roupas, cabelo e envolveu até a síndrome de Asperger. Os insultos vão do presidente dos EUA, Donald Trump, ao filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, passando por colunistas de jornais e comunicadores de várias partes do mundo.

Antônio Claret, diretor-geral da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae), afirmou que a ativista era uma “anã de 40 anos, infeliz” e que estava “à beira de um suicídio”. A declaração ocorreu durante um painel no congresso do Movimento Brasil Livre (MBL) que discutiu questões relacionadas ao meio ambiente, ocorrido em Belo Horizonte na última semana.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PSL) e filho do presidente Jair, usou a rede social Twitter para atacar a ativista e compartilhar uma fake news. O candidato a embaixador do Brasil nos EUA reproduziu uma foto manipulada em que a ativista aparece fazendo uma refeição em um trem enquanto crianças a olhavam pela janela. A foto original foi publicada por Thunberg em sua conta no Instagram em janeiro deste ano. A publicação também inclui texto que alega conexão entre a ativista e George Soros, investidor norte-americano conhecido por seu apoio a organizações e causas de esquerda. No entanto, a informação também é falsa. Outra publicação de Eduardo ironiza um trecho do discurso da ativista: “vocês roubaram os meus sonhos”. A montagem tem uma foto de Thunberg na ONU e, do outro lado, o presidente Bolsonaro comendo sonhos.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, foi irônico no Twitter: “ela parece uma garota jovem e muito feliz que espera um futuro brilhante e maravilhoso. Tão bonito de ver!”. Em resposta ao sarcasmo, por alguns dias, Thunberg modificou sua biografia na rede social para: “uma garota jovem e feliz que espera um futuro brilhante e maravilhoso”.

Os ataques também vieram de comunicadores. O jornalista e advogado Gustavo Negreiros, da rádio 96 FM de Natal, Rio Grande do Norte, disse que a ativista “está precisando de sexo” e é uma “histérica mal-amada”. Após repercussão nas redes sociais, foi demitido. No exterior, um colaborador da Fox News descreveu a jovem, com síndrome de Asperger, como “doente mental”. A rede se desculpou no dia seguinte, mas, pouco depois do primeiro insulto, outro jornalista do veículo comparou Thunberg aos tenebrosos meninos loiros do filme Children of the Corn (Colheita Maldita) e acrescentou: “mal posso esperar pela sequência de Stephen King, Children of the Climate (filhos do clima)”.

O escritor e cineasta indiano-norte-americano Dinesh D’Souza publicou no Twitter que Thunberg o fazia lembrar das garotas da propaganda nazistas, enquanto o analista também norte-americano Sebastian Gorka disse que a ativista parecia “uma vítima de um campo de reeducação maoísta”.

Em uma das poucas vezes que reagiu às críticas e insultos, Thunberg disse não entender porque os adultos “escolhem passar o tempo zombando e ameaçando adolescentes e crianças por destacar os argumentos da ciência, quando poderiam fazer algo bom”. Para ela, o objetivo desses ataques é desviar a atenção, “já que estão desesperados para não falar sobre as crises climática e ecológica. Ser diferente não é uma doença, e a melhor ciência disponível não são as opiniões, são os fatos”.