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Termômetros batem recorde em junho deste ano

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Termômetros batem recorde em junho deste ano

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que os últimos quatro anos foram os mais quentes desde o início dos registros, em 1850. O recorde pertence a 2016, quando a elevação da temperatura global atingiu seu ápice. Em junho deste ano os termômetros registraram alta superior ao mesmo mês de 2016. Para especialistas, 2019 pode ser um dos períodos mais quentes da história.

Acredita-se que o aumento esteja relacionado às severas ondas de calor europeias, responsáveis por alta de 2°C na temperatura média da Europa. Vários países têm sido castigados pelo verão escaldante, a exemplo da Alemanha, que registrou 10°C a mais que o habitual. Espanha, Itália e França – onde a temperatura chegou a 45,9°C – também foram surpreendidas pelo calor intenso.

De acordo com o serviço de monitoramento Copernicus, ao cruzar dados de satélite com registros históricos foi possível ver a gravidade da situação, sobretudo no continente europeu. A temperatura observada em junho foi 3°C maior que a média entre os anos 1850 e 1900.

Por serem fenômenos extremos, as ondas de calor não têm causa única. Além do aquecimento global, a poluição do ar e a chegada de ar quente do Saara podem estar influenciando os eventos. Contudo, autores do World Weather Attribution, estudo desenvolvido para analisar o calor na França, acreditam que as mudanças do clima têm efeito direto sobre os episódios de calor, apesar de não serem as únicas influências.

Os pesquisadores apontam que, há um século, as ondas de calor registradas nos últimos tempos poderiam até ocorrer, mas provavelmente seriam 4°C mais frias. “A mudança climática não é mais um aumento abstrato na temperatura global média, mas uma diferença que você pode sentir quando sai de casa em uma onda de calor”, explicou Geert Jan van Oldenborgh, coautor do estudo e pesquisador do Instituto Meteorológico Real da Holanda.

Em um cenário de mudanças climáticas, as ondas de calor são cinco vezes mais fortes e 100 vezes mais prováveis que em 1900, pontuou o estudo. Este levantamento não é o primeiro a relacionar eventos climáticos extremos com o aquecimento do planeta. O 25º relatório sobre o clima da OMM, referente a 2018, destacou a elevação sem precedentes das temperaturas terrestres e oceânicas e suas implicações, como aumento do nível dos oceanos, redução dos gelos marítimos e aumento da ocorrência de ondas de calor.

Para especialistas, o calor intenso registrado na Europa não é um evento isolado. Em 2018, as altas temperaturas provocaram a morte de 1,5 mil pessoas na França, segundo a Ministra da Saúde, Agnes Buzyn.

Nos oceanos, as temperaturas registradas em 2018 foram as maiores dos últimos 60 anos, conforme estudo publicado em janeiro. Em todo o planeta, eventos climáticos extremos têm se tornado comuns ao passo que as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) atingem níveis históricos. O mais recente foi o ciclone tropical Idai, que provocou chuvas torrenciais e inundações devastadoras em Moçambique e outros estados africanos.