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Monte Everest está tomado por lixo

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Monte Everest está tomado por lixo
Parte do lixo recolhido pela SPCC/ Crédito: Nishan Shrestha

Restos de barracas, tubos de oxigênio e até excrementos humanos têm invadido a paisagem do Monte Everest, montanha de maior altitude da Terra. De janeiro a julho deste ano, os montanhistas depositaram mais de 32 toneladas de resíduos no cartão postal, segundo o Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha (SPCC, sigla em inglês).

Desde a década de 90, quando surgiram as primeiras expedições comerciais, o número de visitantes só cresceu. Neste ano, no período de alta temporada (primavera), ao menos 600 pessoas escalaram o Everest. De acordo com AngDorje Sherpa, presidente da SPCC, os escaladores deixaram mais lixo na região nesta temporada do que nas duas últimas. “Pelo menos 12.995 kg de lixo humano e 4.010 kg de lixo de cozinha foram coletados só no acampamento-base do Everest nesta temporada”, declarou.

A grande demanda do público incentivou o surgimento de novas operadoras turísticas e, consequentemente, queda nos preços. Atualmente um alpinista amador dotado de 20 mil dólares (78 mil reais) pode escalar a montanha. Entretanto a democratização do passeio também trouxe impactos ao meio ambiente.

Segundo a Associação de Montanhismo do Nepal, os excrementos humanos merecem maior atenção, já que as fezes congelam e não se decompõem nas encostas do Everest. Na maior parte das vezes, os iniciantes não carregam sua bagagem, deixando a tarefa exclusivamente para os guias, que não conseguem carregar os materiais de alpinismo e os resíduos.

A preocupação de ambientalistas é que os cursos d’água locais sejam contaminados. Apesar do ‘luxo’ do acampamento-base do Everest – que possui wi-fi e chuveiros quentes -, os excrementos humanos são depositados em fossas. Com as chuvas de monções, os resíduos são transportados rio abaixo.

Medidas

Autoridades asiáticas têm apostado em multas para frear a poluição. No Tibete, desde 2015 os escaladores recebem dois sacos de lixo com capacidade para oito quilos. No final do passeio, quem não entregar os sacos cheios recebe multa de 100 dólares (438 reais) por quilo de lixo faltante.

No Nepal, a punição aplicada é mais cara. Antes de começar a escalada o alpinista deixa a quantia de 4 mil dólares (cerca de 15 mil reais) que só é reembolsada se ele coletar, no mínimo, oito quilos de lixo.

Entretanto, o Comitê de Controle de Poluição de Sagarmatha aponta que o sistema de multas não têm sido eficaz, considerando que apenas metade dos montanhistas traz de volta a quantidade de resíduos estipulada. O motivo é o preço irrisório das multas em comparação ao dinheiro pago pelas expedições ao Everest.

Atualmente, o SPCC está investindo em projetos de coleta e reciclagem de lixo. A instituição conta com um sistema para separar o lixo combustível (que pode ser incinerado e transformado em energia) do não combustível.