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Aquecimento global provoca migração de plantas para o topo das montanhas

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As mudanças climáticas estão causando a migração de plantas para os cumes das montanhas, em áreas até então cobertas por gelo. Pesquisadores analisaram a flora de mais de 300 picos europeus. As cordilheiras de Cárpatos, Escócia e Escandinávia, bem como os Alpes e os Pirineus foram os protagonistas do levantamento. A descoberta foi publicada na revista científica Nature.

O estudo foi liderado por Manuel Steinbauer, da Universidade de Erlangen, e pela pesquisadora Sonja Wipf, do Instituto de Pesquisas de Neve e Avalanche de Davos, na Suíça. Este é o primeiro estudo a demonstrar a relação entre aquecimento global e a migração de plantas.

Para confirmar a relação entre a migração e o aquecimento global, os estudiosos compilaram registros dos últimos 145 anos sobre a presença das plantas nos cumes das montanhas. Eles perceberam que as aparições foram mais frequentes nos últimos anos, que registraram temperaturas mais quentes. Para eles, a poluição e o turismo não interferiram na dispersão das espécies.

Os pesquisadores constataram que a migração entre 2007 e 2016 aconteceu em uma velocidade cinco vezes superior à registrada entre 1957 e 1966. Isto é um sinal de que as temperaturas no topo das montanhas estão mais quentes e os períodos de frio rigoroso mais curtos. Estima-se que esses locais tenham sofrido duas vezes mais que outros pontos do planeta com as mudanças climáticas.

Entre as novas espécies migratórias descobertas estão arnica, grama alpina e arbustos de amora. A primeira era encontrada apenas na parte baixa dos Alpes; hoje pode ser vista em 14 picos, até no Monte Vago, a mais de 3 mil metros de altitude. Ao mesmo tempo, espécies nativas dos picos, como a Saxifraga oppositifolia, se proliferaram.

Apesar da ampliação da área de ocorrência de espécies locais soar como uma boa notícia, o fenômeno pode significar uma grande perda de biodiversidade. Isso por que o histórico das plantas que estão migrando para altitudes mais altas mostra que elas não conseguiram sobreviver.

Além disso, essas plantas são maiores e mais competitivas que as espécies nativas dos cumes, por isso podem ameaçar a flora local. Os cientistas ressaltam que serão necessárias décadas de estudos para descobrirem como a mudança climática alterou a dinâmica da flora.