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Anualmente, mais de 450 milhões de animais são atropelados nas estradas brasileiras

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Anualmente, mais de 450 milhões de animais são atropelados nas estradas brasileiras
Alex Bager fala sobre Ecologia de Estradas na Terça Ambiental de abril / Crédito: Amda

A Terça Ambiental de ontem (29), que teve como tema Ecologia de Estradas, começou com um vídeo aterrorizante com diversas imagens de animais atropelados. Anualmente, mais de 450 milhões de bichos morrem atropelados em rodovias brasileiras. Isso significa que, a cada segundo, 15 animais se envolvem em acidentes. Os dados foram apontados por Alex Bager, professor adjunto do Setor de Ecologia da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Bager é graduado em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande (1994), mestrado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997) e doutorado em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003).

Do total de animais atropelados a cada ano, 390 milhões são sapos, cobras, roedores e outros pequenos vertebrados; 50 milhões são gambás, furões, macacos e outros vertebrados; e 10 milhões são onças-parda, tamanduás-bandeira, antas, jaguatiricas e outros grandes vertebrados.

Segundo o oceanólogo, a ecologia de estradas é uma ciência aplicada baseada em conceitos ecológicos, mas com fortes relações sociais e econômicas. Ela existe há aproximadamente 40 ou 50 anos no mundo. No exterior, os estudos são focados em apenas uma ou poucas espécies, diferente do que ocorre no Brasil: “Queremos salvar todas”. No país, os primeiros trabalhos foram desenvolvidos na década de 80, mas tiveram incremento significativo nos últimos cinco anos.

Desde 2012, Bager é coordenador do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE/UFLA), órgão criado no mesmo ano para monitorar e orientar políticas relacionadas à mortalidade de fauna selvagem nas rodovias brasileiras. “Monitoro rodovias desde 1995 e sempre achei que ter dados de uma única área resolve problemas locais. Nosso objetivo é entender o problema em nível nacional, por isso precisamos esperar que a tecnologia nos permitisse envolver um incontável número de parceiros. Esse momento chegou e tivemos a sorte de existir uma convergência de pensamento com outros órgãos, empresas e instituições”, contou.

O coordenador se refere à criação do Urubu Mobile, uma plataforma virtual colaborativa lançada oficialmente no dia 11 deste mês. “O objetivo é criar políticas de conservação e não apenas artigos científicos”, comentou. O aplicativo está disponível para tablets e smartphones e é necessário ter GPS no aparelho. Ao encontrar um animal acidentado, o usuário tira uma foto e o sistema, automaticamente, registra o local. Bager ressaltou que não é preciso conhecimento técnico para usar o aplicativo. Após inserção dos dados, uma equipe avalia as informações. Todos os registros feitos no Urubu Mobile estão totalmente disponíveis para consulta.

De acordo com Bager, já foram registrados cerca de mil downloads do aplicativo e aproximadamente 700 cadastros. Mensalmente, os usuários cadastrados receberão um feed back com o índice de atropelamentos e espécies acidentadas. “Existem empresas que têm 5 mil caminhoneiros. Imagina se 2% desses profissionais aderissem ao projeto? Teremos informações de rodovias de todos os cantos do país”, comentou entusiasmado. A expectativa é de que, em um ano, o Urubu tenha 5 mil parceiros e que entre 15 e 20 mil pessoas coletem dados permanentemente.

O oceanólogo explicou que o problema dos atropelamentos envolve também outras questões socioambientais, como a fragmentação de ambientes; efeito barreira – quando um animal chega até a borda da rodovia, mas não atravessa; e atração, quando espécimes conseguem comida nas rodovias e há ausência de grandes predadores. Há ainda impactos agudos (abertura da própria rodovia) e crônicos, como o aumento do trânsito e do tráfego de veículos; poluição sonora, que pode gerar dificuldades de reprodução de várias espécies; e poluição hídrica.

Já baixou o Urubu Mobile? Seja você também um colaborador! Para baixar o aplicativo clique aqui.