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Belo Horizonte foi a capital que mais esquentou em 2023

Belo Horizonte e Vale do Jequitinhonha são as regiões com os piores climas.

Belo Horizonte foi a capital que mais esquentou em 2023
Belo Horizonte foi a capital que mais esquentou em 2023

Em 2023, o Brasil bateu recorde de calor. Dos 20 municípios com os maiores recordes de temperatura, 19 estão em Minas Gerais. Belo Horizonte foi a capital brasileira que mais esquentou em 2023. A cidade registrou 4ºC acima da média para o meses de novembro e dezembro.

Os dados são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O órgão combinou informações de estações oficiais e de satélite a fim de realizar uma análise mais abrangente.

Os autores da pesquisa analisaram registros dos 5.570 municípios brasileiros, e então compararam cada mês com a climatologia histórica correspondente. Em conclusão, 45 municípios apresentaram alterações iguais ou superiores a 5°C.

Do total, 38 estão no Vale do Jequitinhonha, com outros 10 em áreas vizinhas. Os sete restantes estão ao lado do Vale, na Bahia. Além disso, 343 municípios registraram anomalias de 4°C a 4,98°C, revelando, dessa forma, um cenário preocupante de elevações significativas de temperatura.

A elevação de apenas 1°C impacta diversas áreas. As mais afetadas são a saúde humana, produtividade agrícola e aumento do risco de incêndios em áreas afetadas pela seca.

A combinação de mudanças climáticas globais com características locais contribuem para intensificar o calor extremo nessas regiões. O clima semiárido, o desmatamento, o solo degradado e a falta de recursos hídricos estão entre elas.

Belo Horizonte esquentou em 2023

Belo Horizonte foi a capital que mais esquentou em 2023, visto que só em novembro foram 4,2 ºC acima do normal. O calor aumenta por vários motivos, entre eles a diminuição da arborização urbana.

A cidade que já foi conhecida como “Cidade Jardim”, hoje tem um pequeno percentual de sua área coberta por florestas. Por isso, Belo Horizonte está em desvantagem em comparação com outras capitais brasileiras, como São Paulo.

No ano passado, foram cortadas em média 20 árvores por dia na capital mineira, totalizando 6.829 supressões entre janeiro e novembro. Apenas em fevereiro deste ano, mais de 60 árvores foram suprimidas na região da Pampulha para realização da Stock Car. A derrubada em massa gerou uma onda de protestos.

O desmatamento, por sua vez, contribui para a formação de “ilhas de calor”. O fenômeno ocorre à medida que áreas verdes são transformadas em desertos de cimento e asfalto. O resultado é o aumento da temperatura e a ocorrência de eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais e enchentes. Ambientalistas destacam a necessidade urgente de arborização para mitigar os impactos climáticos.

Vale do Jequitinhonha

Das 20 cidades brasileiras que mais aqueceram em 2023, 18 estão no Vale do Jequitinhonha. A região possui temperaturas extremas e desafios ambientais crescentes.

Turmalina destacou como o município com a maior elevação de temperatura, registrando até 5,52°C acima da média das máximas diárias.

Para cientistas, o calor extremo no Jequitinhonha não surpreende. Estudos anteriores já apontavam a área como uma das mais impactadas pelo aumento de temperatura nas últimas décadas no Brasil.

Parte disso se deve ao fenômeno El Niño, que foi severo em 2023. No entanto, Ana Paula Cunha, cientista da Cemaden, ressalta que há uma tendência crescente de aumento de temperaturas em grande parte do país nos últimos 60 anos, resultado do aquecimento global.

Segundo Regina Alvalá, diretora substituta da instituição, o calor e a seca costumam andar juntos. Além disso, a degradação do solo e da vegetação na região do Jequitinhonha têm contribuído para a elevação das temperaturas.