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Avança projeto que irá monitorar biodiversidade amazônica em tempo real

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Avança projeto que irá monitorar biodiversidade amazônica em tempo real
O macaco-prego é uma das espécies contempladas na primeira fase do projeto.

Pesquisadores realizam os primeiros testes do projeto que irá monitorar a biodiversidade amazônica em tempo real na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas. Em março foram instalados dez módulos de áudio e imagem terrestres e um aquático para identificação sonora de cetáceos. A iniciativa visa aumentar o controle da fauna do bioma através de uma rede de sensores com microfones e câmeras instalados sob a copa das árvores.

Onça-pintada, macaco-guariba e boto-cor-de-rosa foram algumas das espécies escolhidas para serem observadas nessa primeira etapa. Um dos primeiros registros marcantes do Providence, como é chamado o projeto, foi de uma fêmea de macaco-prego com um filhote a tiracolo à procura de alimento.

Um software especial possibilita que os equipamentos registrem não só imagens, mas também identifiquem as espécies. As câmeras térmicas instaladas, detectoras de calor, ainda podem reconhecer os animais mesmo na completa escuridão.

Com objetivo de manter o aparato ligado, os cientistas utilizam um sistema que capta energia solar por meio de painéis fotovoltaicos. Os dados captados são enviados via satélite, Wi-fi ou 3G. Para poupar energia, parte dos dispositivos funciona em estado semidormente, sendo ativados somente quando os animais se aproximam.

A tecnologia adotada servirá como alternativa aos métodos atuais de monitoramento, que não permitem a obtenção de respostas rápidas sobre a situação da floresta. As formas convencionais são, em suma, estudos de campo, no qual os pesquisadores registram as espécies in loco. Para isso, são utilizadas armadilhas fotográficas (câmeras ativadas à distância) e equipamentos com sensores de movimento. Tal abordagem pode interferir no comportamento das espécies e exige um tempo maior para ser realizada.

Para Emiliano Ramalho, do Instituto Mamirauá e coordenador do projeto, a tecnologia é revolucionária, porque vai abranger um número maior de grupos taxonômicos, diminuindo os custos do monitoramento e o esforço de campo. Ele ainda revela que, no futuro, as informações captadas serão enviadas para uma plataforma online e disponibilizadas à comunidade. A intenção é que a população aprenda sobre as espécies e participe do processo.

Sequência

Na próxima fase do projeto serão instalados 100 sensores ao longo da reserva e, na terceira e última etapa, serão instalados mil sensores em toda Amazônia brasileira. A iniciativa é coordenada pelo Instituto Mamirauá – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) – em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), The Sense of Silence Foundation e o Laboratório de Aplicações Bioacústicas da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC). O projeto ainda conta com U$S 1,4 milhão da Fundação Gordon and Betty Moore.

Com informações do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá