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Pulverização de agrotóxico mata 100 milhões de abelhas no Mato Grosso

Pulverização de agrotóxico mata 100 milhões de abelhas no Mato Grosso
Abelhas atingidas pela pulverização de fipronil. Crédito: Indea/Sorriso

Essenciais para a vida no planeta, as abelhas estão desaparecendo devido às mudanças climáticas e ao uso excessivo de agrotóxicos. No Mato Grosso, mais de 100 milhões de abelhas foram mortas a cerca de um mês por causa da pulverização de um produto à base de fipronil, uma substância extremamente tóxica a insetos.

Embora o produto seja permitido no Brasil, sua pulverização aérea ocorre de forma ilegal. O caso aconteceu em uma propriedade de cultivo de algodão em Sorriso, a 420 km de Cuiabá. Após denúncias de produtores de mel da região, o Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea) investigou e constatou a morte dos animais por envenenamento.

“No trabalho de investigação, realizado em um raio de extensão de 30 km, o envenenamento por agrotóxicos foi elencado como a causa mais provável, já que a presença do princípio ativo Fipronil foi detectado em todas as amostras colhidas”, informou o Indea.

A equipe do instituto visitou 22 propriedades ao redor das áreas de mortandade de abelhas. Em uma delas foi constatada a utilização de fipronil, de forma irregular, um dia antes das mortes acontecerem.

Ao menos 600 colmeias foram contaminadas em Sorriso e municípios vizinhos, como Ipiranga do Norte e Sinop. Muitos animais eram de espécies ameaçadas de extinção. O dono da propriedade foi multado em R$ 225 mil pelo uso incorreto do produto, que casou o massacre de abelhas.

O que é o fipronil e quais são os seus efeitos

O fipronil é um pesticida que já foi proibido na União Europeia por causa de sua toxicidade às abelhas, cuja vida e reprodução são prejudicadas pelo produto. Estudos mostram que 41% das espécies de insetos sofrem com grave declínio populacional, com ameaça de desaparecerem nas próximas décadas devido ao uso intenso de agrotóxicos nos cultivos.

Estima-se que o desaparecimento das espécies começou no início do século 20 e foi se agravando à medida que os pesticidas foram se popularizando. Nas últimas décadas, substâncias mais nocivas, como neonicotinoides e fipronils, começaram a serem usadas em larga escala, deixando um rastro de contaminação no ambiente.

Segundo pesquisa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), do Rio Grande do Norte, em apenas quatro anos 770 milhões de abelhas morreram no Brasil devido à contaminação por neonicotinoides e fipronils.

O número é baseado nas perdas contabilizadas por apenas uma parte dos apicultores, por isso é provável que a quantidade de insetos mortos passe de 1,5 bilhão. A estimativa também não considera mortes de abelhas silvestres, fazendo com o número real de insetos mortos por agrotóxicos seja incalculável.