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Amda e Relictos pedem abertura de inquérito para apurar caso da Ponte Queimada, no Parque do Rio Doce
A Amda e a Fundação Relictos enviaram representação, no último dia 7 de novembro, ao Promotor da Comarca de Timóteo, Frederico Castro, pedindo abertura de inquérito civil público para apuração do caso da Ponte Queimada, no Parque Estadual do Rio Doce (Perd). O Instituto Estadual de Florestas (IEF), responsável pela gestão do parque, pretende recuperá-la.
A ponte liga estrada entre os municípios de Pingo D´Água e Timóteo, que atravessa a Mata dos Campolinas, única área com Mata Atlântica primária do parque e uma das últimas do país, interditada ao tráfego há mais de 50 anos.
O Plano de Manejo da unidade de conservação prevê que a estrada seja usada somente para atividades educativas, combate a incêndios e vigilância. Mas há diversas tentativas para reabri-la e torná-la rodovia pública, sob alegação de diminuir a distância entre os dois municípios. Umas das mais recentes foi a solicitação da prefeitura de Marliéria ao IEF para “limpeza” da estrada.
A ex-supervisora regional do IEF no Vale do Aço e atual diretora de proteção à fauna, Adriana Spagnol de Faria, disse em reunião do Conselho Consultivo do Perd, em agosto, que a prefeitura de Marliéria poderia “limpar” a estrada sem licença ambiental, e que ela não é uma ameaça ao parque.
Para a Amda e Fundação Relictos, a posição de Adriana mostra perigosa visão da direção do órgão sobre o assunto. Se reaberta, a estrada aumentaria os atropelamentos de animais silvestres, incêndios e geração de lixo, além de facilitar a entrada de invasores e caçadores na unidade de conservação.
“O problema alegado de distância foi sanado com asfaltamento de outros acessos, como a estrada que liga Córrego Novo a Ipatinga, mas continua a ser usado para pressionar pela reabertura. Acreditamos que a verdadeira motivação são poderosos interesses imobiliários que estão invadindo a Zona de Amortecimento do Perd, pois a estrada facilitaria acesso aos locais que estão sendo loteados”, apontaram as organizações.
As entidades não são contra a recuperação da ponte, mas entendem que tem de ser feita com base em projeto técnico e político, aprovado pela Câmara de Proteção da Biodiversidade do Conselho Estadual de Política Ambiental (CPB/Copam) e pelo Conselho do parque.
Nesse sentido, a Amda enviou, em agosto deste ano, ofício à diretora geral do IEF Maria Amélia de Coni e Moura, solicitando que faça parte do projeto, compromisso formal de que o tráfego será permitido somente para veículos oficiais do órgão em serviço, pesquisadores e ações de educação ambiental ou de desenvolvimento do turismo sustentável, mensurando capacidade de carga e mitigação de impactos e vigilância armada 24 horas. Até o momento não houve retorno.