Filhotes de onça-pintada nascem em Esteros del Iberá, na Argentina

Pela primeira vez em 70 anos, filhotes de onça-pintada (Panthera onca) nasceram em vida livre no norte da Argentina, em Esteros del Iberá, na província de Corrientes. O nascimento, anunciado pela Fundação Rewilding Argentina na última quinta-feira (21), é um dos primeiros passos para reintrodução da espécie, considerada extinta na região desde o século passado.
Foi registrado o nascimento de dois filhotes, frutos da união entre Arami, uma das primeiras onças nascidas no centro de reintrodução construído para a espécie, e Jatobazinho, animal resgatado em uma escola rural no Brasil e doado ao projeto em 2019.
Por meio de armadilhas fotográficas, a equipe avistou Arami carregando os filhotes pela boca e apresentando comportamento incomum. Magalí Longo, um dos coordenadores da fundação, conta que o felino permaneceu no mesmo lugar por várias semanas, com certeza cuidando da prole.
“Os novos avanços — a reprodução de onças livres e o nascimento de uma nova geração na natureza — são um excelente sinal para o projeto que busca reverter a extinção da espécie e estimula a esperança de regenerar uma população saudável de onças em Esteros del Iberá”, indicou a Fundação Rewilding, em nota.
Segundo Sebastián Di Martino, diretor de conservação da instituição, nas próximas semanas será possível descobrir se os filhotes sobreviveram. Se isso acontecer, a população de Iberá terá 10 onças livres. Devido à caça e destruição dos ambientes naturais do felino, restaram apenas 15 indivíduos em todo o Chaco argentino.
Ao todo, oito onças-pintadas já foram soltas na região. Embora algumas delas tenham nascido em cativeiro, o grupo já exibe comportamentos típicos de animais silvestres, afirmou a fundação. Elas já não associam humanos à oferta de alimentos, caçam para se alimentar e já estabeleceram territórios que se sobrepõem em maior ou menor grau entre si.
Onças em perigo
Maior felino das Américas, a onça-pintada é considerada um dos mamíferos mais ameaçados da Argentina, com população estimada em 200 indivíduos. A espécie de hábitos solitários vive em áreas bem preservadas, com disponibilidade de alimentos e abundância de água.
Como ambientes assim se tornaram raros devido à ação humana, as onças têm cada vez menos espaço para viver. A espécie já é considerada regionalmente extinta nos Estados Unidos (desde o século XX), na Guatemala e no Uruguai.
No Brasil, ocorria em todas as regiões, mas atualmente está restrita à região Norte, até o leste do Maranhão, partes do Brasil Central e a algumas áreas isoladas das regiões Sul e Sudeste, distribuídas em: Amazônica, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal.