Brasil não atingirá meta de redução do desmatamento na Amazônia
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira (2) que o Brasil provavelmente não conseguirá reduzir a taxa anual de desmatamento na Amazônia como esperado. A meta do governo brasileiro era reduzir o desmate no bioma em 10% entre agosto de 2020 e julho de 2021, mas a diminuição será entre 4% e 5%.
“Fechou o ciclo, o ciclo fechou no dia 31 de julho, provavelmente não vou cumprir aquilo que eu achava que seria o nosso papel de chegar a 10% de redução. Acho que vai dar na faixa de 4% a 5%, uma redução muito pequena, muito irrisória, mas já é um caminho andado”, disse o chefe do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNML), em Brasília.
A declaração ocorre pouco depois de o governo autorizar, pela terceira vez, o uso das tropas militares para combater crimes ambientais na Amazônia por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Os números bem abaixo do previsto mostram, mais uma vez, a ineficiência da principal estratégia do governo federal para conter a destruição na floresta.
Desmatamento e fogo avançam sobre a floresta
Entre 1º de janeiro e 25 de junho de 2021, 3.325 quilômetros quadrados estiveram sob alerta de desmatamento na Amazônia na Legal, segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que emite sinais diários de alteração na cobertura florestal. Este é o maior número para o período em seis anos.
Em junho, o número de focos de calor (2.308) também bateu recorde na Amazônia, sendo o maior desde 2007. Em julho, as queimadas diminuíram 27% quando comparadas ao mesmo mês em 2020, mas o pior ainda está por vir, já que os próximos meses serão os mais secos na Amazônia e os órgãos ambientais seguem enfraquecidos, esclarece a gestora ambiental do Greenpeace, Cristiane Mazzetti.
“É importante analisar os focos de calor considerando também o desmatamento ocorrido recentemente na Amazônia. Muitas áreas foram derrubadas e degradadas recentemente e devem ser queimadas ilegalmente nos próximos meses, quando a vegetação remanescente fica mais seca e suscetível ao fogo”, destacou Mazzetti.
“O impacto acumulado na Amazônia a partir do fogo e do desmatamento só aumenta, estamos empurrando a floresta cada vez para mais perto do seu limite e minando seu papel de aliada no enfrentamento às mudanças climáticas. Além disso, com a destruição crescente deste bioma rico em estoque de carbono, estamos contribuindo para que extremos climáticos como esses vivenciados recentemente ao redor do planeta e no Brasil se tornem mais frequentes e intensos no futuro”, completou.