ONU: 931 milhões de toneladas de alimentos foram desperdiçadas em 2019
Entre 8 e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa vem de alimentos que não são consumidos. Reduzir o desperdício é uma das formas de conter o aquecimento global, mas o mundo ainda caminha na direção oposta, indicou o “Índice de Desperdício de Alimentos 2021”, liderado pela ONU. De acordo com o levantamento, 931 milhões de toneladas de alimentos foram parar no lixo em 2019, 17% do total disponível para consumo.
O montante desperdiçado no período equivale a 23 milhões de caminhões de 40 toneladas carregados, o que seria suficiente para dar a volta na Terra sete vezes, apontou o relatório produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a organização britânica WRAP.
A análise do desperdício nos pontos de venda, restaurantes e residências – considerando as partes comestíveis e as não comestíveis, como ossos – apontou que a perda é maior nos domicílios, que descartam 11% do total de alimentos disponíveis para consumo. Já os serviços alimentares e estabelecimentos de varejo, desperdiçam 5% e 2%, respectivamente.
Estima-se que cada consumidor, no mundo todo, desperdiça 121 quilos de alimentos anualmente, sendo 74kg descartados no ambiente doméstico, índice que cai para 60kg no Brasil. Embora o volume de desperdício per capita nos domicílios seja menor no país, o levantamento mostra que o problema não é exclusivo de países desenvolvidos.
O relatório apresenta a mais abrangente coleta de dados, análise e modelagem de desperdício de alimentos até o momento e oferece uma metodologia para os países mensurarem a perda. No total, 152 unidades de observação foram identificadas em 54 países.
Para a ONU, os países podem aumentar a ambição climática ao incluir o desperdício de alimentos nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) no âmbito do Acordo de Paris, enquanto fortalecem a segurança alimentar e reduzem os custos para as famílias.
“A redução do desperdício de alimentos cortaria as emissões de gases de efeito estufa, retardaria a destruição da natureza para conversão de terras e poluição, aumentaria a disponibilidade de comida e, assim, reduziria a fome e economizaria dinheiro em um momento de recessão global”, destacou Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA.
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