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Estudo revela nova espécie de raia no litoral brasileiro

Estudo revela nova espécie de raia no litoral brasileiro
Hypanus berthalutzea se diferencia das outras espécies pelo clásper

Cientistas do Departamento de Botânica e Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) descobriram que uma raia endêmica do Brasil, popularmente conhecida como raia-prego, é, na verdade, uma nova espécie do gênero Hypanus Rafinesque. A descoberta foi publicada no periódico científico Journal of Fish Biology.

Hypanus berthalutzea foi, por muito tempo, confundida com outra espécie do gênero de raias marinhas. A partir de análises de amostras genéticas, exemplares expostos em museus e estudos estatísticos de adequabilidade ambiental, os pesquisadores puderam classificá-la como uma nova variedade.

Para fazer a revisão taxionômica, os autores da pesquisa avaliaram todas as espécies do gênero Hypanus que vivem na costa americana Atlântica e Pacífica. Também estudaram uma espécie de raia africana.

A escolha do nome é uma homenagem à bióloga Bertha Lutz. Ela teve uma participação significativa no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, além de ser a segunda mulher a entrar para o serviço público brasileiro.

O professor Sérgio Lima, um dos autores do estudo, explicou que descobertas de novas espécies podem ocorrer em dois casos: pelo encontro de um animal ainda não descrito pela ciência ou pela reavaliação de uma espécie identificada, erroneamente, como outra, o que ocorreu neste caso.

“Este estudo mostrou que as raias-prego do Brasil são, na verdade, mais aparentadas com as da África e apresentam diferenças genéticas, morfológicas e ecológicas suficientes da Hypanus americana para justificar a denominação de uma nova espécie”, explicou Sérgio.

A nova espécie prefere locais rasos e com alta salinidade, sendo encontrada entre a foz do Rio Amazonas até o sudeste da costa brasileira, bem como ilhas e arquipélagos próximos à costa, como Parcel de Manuel Luís, Atol das Rocas e Fernando de Noronha.Diferencia-se das outras espécies pelo clásper, órgão reprodutor masculino, além de apresentar pigmentação cinza-esverdeada e manchas pretas na região dorsal.

Ainda não foi possível determinar o estado de conservação da espécie, informou a principal autora da pesquisa, Flávia Petean. “Esperamos fornecer informações suficientes para que ela seja avaliada em breve, assim como a maioria das raias desse gênero, que possuem dados insuficientes para a avaliação até o momento. O resultado dessa ausência de dados é que não há planos de manejo direcionados a essas raias e elas podem estar ameaçadas sem que saibamos”, disse.