Elefantes explorados na Tailândia passam fome devido à pandemia
Desde que o fluxo de turistas foi interrompido na Tailândia, em razão da pandemia de coronavírus, elefantes explorados pelo turismo estão à mercê da fome e do abandono. Parques e operadoras turísticas locais temem que os animais voltem a servir madeireiros ilegais ou a mendigar pelas ruas junto de seus donos.
Em março, as autoridades decretaram paralisação temporária dos parques e os cuidadores estão sem renda para manter os elefantes. O custo médio diário com estes animais chega a US$ 40, o triplo do salário mínimo no país. Sem auxílio financeiro, a vida de mais de 2 mil elefantes está em risco.
O presidente da Thai Elephant Alliance Association, Theerapat Trungprakan, pressupõe a volta dos animais às ruas ou à exploração madeireira ilegal. Embora a utilização de elefantes na colheita e transporte de madeira seja proibida desde 1989, a prática pode ressurgir se não houver intervenção do poder público.
Em muitas instalações, os elefantes estão acorrentados e com fome, o que aumenta o conflito entre os animais. Embora pareça a solução mais fácil, libertá-los não é o ideal, pois os animais já foram domesticados e não sobreviveriam sozinhos na natureza.
A soltura também ocasionaria um colapso no ecossistema local, pois acrescentaria 3.800 elefantes domésticos à população de aproximadamente 3 mil indivíduos selvagens. Não haveria alimento para todos e aumentaria a competição entre os animais.
A crise pôs em cheque o polêmico mercado, que lucra com o sofrimento dos elefantes, submetendo-os a condições inaceitáveis. Ongs conservacionistas já denunciaram as práticas cruéis utilizadas por domadores, como o uso de correntes e objetos afiados para controle dos animais.
Também há uma grande rede de contrabando que sustenta a indústria de turismo animal. Felizmente, esta realidade está mudando. Com a suspenção das atividades, o Maesa Elephant Camp, em Chiang Mai, anunciou que seus 78 elefantes não serão mais usados em passeios turísticos.
O parque precisou remover os assentos de madeira e metal amarrados nos animais – utilizados no transporte de visitantes – e afirmou que não pretende reinstalá-los. A ideia é mudar o estilo do local e encontrar maneiras mais naturais pelas quais o público possa desfrutar dos elefantes.
“Damos as boas-vindas aos visitantes que queiram se divertir aprendendo sobre o estilo de vida dos elefantes naturalmente, em vez de usá-los para entreter os turistas”, disse o diretor do parque, Anchalee Kalampichit, ao The Independent.