Planeta pode perder metade de suas praias até 2100
Jericoacoara, Alter do Chão, Maragogi e outros destinos paradisíacos do Brasil e do mundo podem perder suas praias até o final do século devido ao aumento do nível do mar, impulsionado pelas mudanças climáticas. Segundo estudo publicado na revista científica Nature Climate Change, quase metade das praias ao redor do globo podem ser destruídas se as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) permanecerem no ritmo atual.
O nível médio global do mar tem se elevado rapidamente nos últimos 25 anos, fazendo com que a areia seja deteriorada pela água salgada em muitas localidades. O avanço do mar desencadeia processos erosivos na costa, prejudicando habitats valiosos para a vida selvagem, além de afetar a substância de comunidades dependentes do ecoturismo.
A erosão marinha pode ocorrer de forma natural, mas a ação humana tem acelerado o processo em grande parte das praias. De acordo com o estudo, embora as transformações na costa possam estar ligadas a vários fatores, existe uma clara relação de causa e efeito entre o aumento do nível do mar e a perda de areia nas áreas costeiras.
“Um total de 31% das praias arenosas do mundo estão em zonas costeiras de baixa altitude com densidade populacional superior a 500 pessoas por quilômetro quadrado. Nossas projeções mostram que cerca de um terço dessas zonas costeiras de baixa altitude estará seriamente ameaçada pela erosão até 2050 ”, indicou o estudo.
Os pesquisadores, de diversas intuições da Europa, analisaram imagens de satélite colhidas entre 1984 e 2016 para identificar as mudanças ocorridas nas costas nas últimas décadas. Eles também simularam mais de 100 milhões de eventos de tempestades e mediram a erosão costeira global resultante.
Uma das descobertas foi que o nível do mar está subindo em média 0,1 mm por ano, causando perda de milhares de quilômetros de areia em todo o mundo. “Nossa análise mostra uma tendência erosiva geral das praias de areia que aumenta com o tempo e com a intensidade das emissões de GEEs”, pontuou o levantamento.
Segundo as estimativas, o país mais afetado pela erosão será a Austrália, que no melhor cenário pode perder metade de seu litoral, isto é, aproximadamente 11 mil quilômetros de praia. No Brasil, os estados mais prejudicados serão Pará, Maranhão, Piauí e Ceará.
Países como Canadá, Chile e México também podem perder grande parte de suas faixas de areia. Um aumento de 0,8 metros no nível do mar pode afundar cerca de 17 mil km² de terra ao redor do mundo e forçar até 5,3 milhões de pessoas a deixarem suas casas.
Apesar do prognóstico negativo, os cientistas elencaram medidas que podem frear a erosão costeira. Uma das soluções é o reabastecimento das praias mais ameaçadas, alimentando-as com mais areia, o que poderia reduzir, até 2100, 14% da perda de terras. A mitigação moderada das emissões de GEEs poderia ainda impedir 17% da erosão costeira até 2050 e 40% até o final do século.
Aumento do nível do mar
Um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado no ano passado, já havia denunciado a elevação sem precedentes das temperaturas terrestres e oceânicas e suas implicações, como aumento do nível dos oceanos e redução dos gelos marítimos.
Quanto mais quente os oceanos, maior é a capacidade de expansão térmica da água e mais intenso é o derretimento das geleiras, por isso as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas à ascensão do volume marítimo.
Segundo a OMM, em 2018 o nível médio global do mar aumentou 3,7 mm em comparação a 2017. O degelo das geleiras é apontado como principal causador do fenômeno.
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