Brasil registra morte de 20 ativistas ambientais em 2018
No ano passado, 164 ativistas ambientais e dos direitos humanos foram mortos no mundo por defenderem suas casas, terras e recursos naturais. No Brasil, 20 mortes foram registradas, colocando o país em quarto lugar no ranking anual da ONG Global Witness.
O índice de assassinatos no Brasil no ano passado registrou queda em comparação a 2017, quando 57 ativistas foram mortos. “Claro que essa queda deve ser celebrada, e torcemos para que continue. Mas também temos que levar em consideração diversos outros fatores. Primeiro, que essas mortes são notoriamente difíceis de serem monitoradas e registradas, fazendo com que o número seja subestimado e represente apenas o mínimo de casos. E também nos preocupa o aumento nos relatos de ataques aos defensores da terra no país, que embora violentos, não acabam em mortes e não chegam às manchetes, mas igualmente intimidam e paralisam suas ações”, afirmou Ben Leather, ativista sênior da Global Witness e um dos autores do levantamento.
Leather estima possível aumento do número de conflitos neste ano no país em função do aumento do desmatamento, combinado às invasões de terras indígenas por grileiros armados. A morte do cacique Emyra Waiãpi, no último dia 23 no Amapá, é um exemplo. De acordo a coordenação regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), a invasão à região começou no mesmo dia em que o cacique foi morto. Para o ativista sênior da Global Witness, o discurso de que comunidades rurais e populações indígenas representam um entrave ao desenvolvimento econômico pode estimular o ressentimento contra elas.
Ranking
As Filipinas lideraram o ranking de mortes de ativistas no ano passado, com 30 assassinatos. Em segundo lugar aparece a Colômbia, com 24 mortes; e depois Índia, com 23 homicídios. O setor de mineração foi responsável pelo maior número de mortes: 43, seguido pelo agronegócio, com 21; e água e barragens, com 17 mortes.
“É um fenômeno que pode ser visto em todas as partes do mundo. Os defensores do meio ambiente e da terra, dos quais um número significativo são representantes dos povos indígenas, são considerados terroristas, criminosos ou delinquentes por defenderem seus direitos”, denuncia no informe Vicky Tauli-Corpuz, relatora-especial sobre os direitos dos povos indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU).
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