Santos despeja cerca de 60 toneladas de resíduos no mar por dia
A cidade de Santos despeja cerca de 60 toneladas de resíduos sólidos no mar por dia, quantidade equivalente a 12,5% do lixo gerado diariamente pelos moradores. Desse montante, 85% são materiais plásticos. Pela primeira vez no mundo adotou-se um modelo de cálculo que consegue aferir, por cidade, qual a “contribuição” de cada município para o agravamento do lixo nos mares. A primeira cidade escolhida para análise foi Santos.
O estudo inédito desenvolvido no ano passado foi coordenado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em cooperação com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA) e Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Santos e apoio da Agência de Proteção Ambiental da Suécia. O objetivo é quantificar e mapear a origem do descarte incorreto.
Em Santos, os pesquisadores analisaram a conformação da cidade e seu fluxo hidrodinâmico, além de monitorarem a areia no mangue, onde estão ocupações irregulares, e nos canais que cortam a malha urbana e funcionam como sistema de drenagem.
De acordo com reportagem do Estadão, o levantamento aponta três fontes principais de contaminação: ocupações irregulares em palafitas; descarte irregular nas ruas – que acaba sendo carreado por chuvas e correntezas para os canais de drenagem da cidade; e o próprio lixo jogado diretamente na orla e na faixa de areia.
“Observamos que boa parte dos resíduos vem das moradias irregulares no mangue que ficam do outro lado da ilha de Santos. A gente até disponibiliza coletores na rua urbanizada mais próxima das palafitas, mas o cidadão precisa levar o lixo até ali, o que não tem acontecido”, comentou Marcos Libório, secretário de Meio Ambiente de Santos. Pelos cálculos da prefeitura, cerca de 25 mil pessoas moram nessa região.
Cerca de 80% do lixo tem origem urbana. Os canudos integram a lista de pelo menos 35 tipos de plástico identificados pelo estudo. “Em Santos, tudo vai parar no mar, de embalagens plásticas a utensílios domésticos. Encontramos brinquedos, vestuário, calçados, fraldas. O canudinho virou o grande vilão, como já ocorreu antes com a sacolinha plástica, mas certamente não é o único. Ao colocar a mão na massa, encontramos de tudo”, disse Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe. Segundo a reportagem, com base no estudo a prefeitura iniciou um trabalho de educação ambiental junto às comunidades no entorno do mangue e estão sendo instaladas ecobarreiras flutuantes para eliminar o processo de acúmulo no mangue.
A pesquisa também calculou a quantidade de resíduos despejados nos oceanos a nível nacional. Em todo o Brasil, 2 milhões de toneladas de lixo acabam nos mares anualmente. O volume equivale a cobrir 7 mil campos de futebol ou encher 30 estádios do Maracanã, da base até o topo.
Entre tanto lixo, o plástico tem destaque. Ele tem sido considerado o maior vilão para a fauna marinha, que o confunde com alimento e acaba morrendo de inanição. No ano passado, pesquisadores da Universidade de Exeter, do Laboratório Marinho de Plymouth e do Greenpeace encontraram plástico no organismo de mais de 100 tartarugas marinhas.
Relembre a entrevista da Amda sobre os impactos do plástico no ambiente marinho com André Toledo, Doutor em Direito pela Université Panthéon-Assas Paris 2 (Sorbonne), Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professor da Escola Superior Dom Helder Câmara e diretor do Instituto Brasileiro de Direito do Mar (IBDMAR).
Com informações do Estadão