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Santos despeja cerca de 60 toneladas de resíduos no mar por dia

Santos despeja cerca de 60 toneladas de resíduos no mar por dia
Ocupações irregulares em palafitas estão entre as principais fontes de contaminação / Crédito: William R. Schepis/Ecofaxina/Abrelpe

A cidade de Santos despeja cerca de 60 toneladas de resíduos sólidos no mar por dia, quantidade equivalente a 12,5% do lixo gerado diariamente pelos moradores. Desse montante, 85% são materiais plásticos. Pela primeira vez no mundo adotou-se um modelo de cálculo que consegue aferir, por cidade, qual a “contribuição” de cada município para o agravamento do lixo nos mares. A primeira cidade escolhida para análise foi Santos.

O estudo inédito desenvolvido no ano passado foi coordenado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em cooperação com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA) e Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Santos e apoio da Agência de Proteção Ambiental da Suécia. O objetivo é quantificar e mapear a origem do descarte incorreto.

Em Santos, os pesquisadores analisaram a conformação da cidade e seu fluxo hidrodinâmico, além de monitorarem a areia no mangue, onde estão ocupações irregulares, e nos canais que cortam a malha urbana e funcionam como sistema de drenagem.

De acordo com reportagem do Estadão, o levantamento aponta três fontes principais de contaminação: ocupações irregulares em palafitas; descarte irregular nas ruas – que acaba sendo carreado por chuvas e correntezas para os canais de drenagem da cidade; e o próprio lixo jogado diretamente na orla e na faixa de areia.

“Observamos que boa parte dos resíduos vem das moradias irregulares no mangue que ficam do outro lado da ilha de Santos. A gente até disponibiliza coletores na rua urbanizada mais próxima das palafitas, mas o cidadão precisa levar o lixo até ali, o que não tem acontecido”, comentou Marcos Libório, secretário de Meio Ambiente de Santos. Pelos cálculos da prefeitura, cerca de 25 mil pessoas moram nessa região.

Cerca de 80% do lixo tem origem urbana. Os canudos integram a lista de pelo menos 35 tipos de plástico identificados pelo estudo. “Em Santos, tudo vai parar no mar, de embalagens plásticas a utensílios domésticos. Encontramos brinquedos, vestuário, calçados, fraldas. O canudinho virou o grande vilão, como já ocorreu antes com a sacolinha plástica, mas certamente não é o único. Ao colocar a mão na massa, encontramos de tudo”, disse Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe. Segundo a reportagem, com base no estudo a prefeitura iniciou um trabalho de educação ambiental junto às comunidades no entorno do mangue e estão sendo instaladas ecobarreiras flutuantes para eliminar o processo de acúmulo no mangue.

A pesquisa também calculou a quantidade de resíduos despejados nos oceanos a nível nacional. Em todo o Brasil, 2 milhões de toneladas de lixo acabam nos mares anualmente. O volume equivale a cobrir 7 mil campos de futebol ou encher 30 estádios do Maracanã, da base até o topo.

Entre tanto lixo, o plástico tem destaque. Ele tem sido considerado o maior vilão para a fauna marinha, que o confunde com alimento e acaba morrendo de inanição. No ano passado, pesquisadores da Universidade de Exeter, do Laboratório Marinho de Plymouth e do Greenpeace encontraram plástico no organismo de mais de 100 tartarugas marinhas.

Relembre a entrevista da Amda sobre os impactos do plástico no ambiente marinho com André Toledo, Doutor em Direito pela Université Panthéon-Assas Paris 2 (Sorbonne), Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Professor da Escola Superior Dom Helder Câmara e diretor do Instituto Brasileiro de Direito do Mar (IBDMAR).

Com informações do Estadão