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Corais da Amazônia podem ganhar status de Área de Preservação Permanente

Corais da Amazônia podem ganhar status de Área de Preservação Permanente
Crédito: divulgação/Greenpeace

Com aproximadamente 56 mil km², o sistema recifal da foz do rio Amazonas abriga um ecossistema único. Com rica variedade de habitats, possui estruturas de algas raras, jardins de esponjas e corais. Recém-descoberta, a região pode ser classificada como Área de Preservação Permanente (APP), conforme prevê um projeto de lei apresentando no início de março no Senado Federal.

O PL 1.404/19, de autoria do senador Veneziano Vital (PSB-PB), pretende enquadrar a região na categoria de preservação permanente e vetar quaisquer atividades que possam causar danos ao ecossistema.

Em 2016, estudo publicado na revista Science Advances indicou a existência de 61 espécies de esponjas e 73 de peixes recifais nos recifes amazônicos, sem contar a grande riqueza de algas. Outra pesquisa, divulgada no ano passado no periódico Frontiers in Marine Science, relatou a presença de organismos e formações recifais singulares no local.

Os rodolitos, espécie de alga calcária, foram um dos achados mais importantes dos pesquisadores. Laterita, um tipo de solo, corais moles e negros também foram encontrados por especialistas de universidades e instituições brasileiras, além do Greenpeace.

Eles descobriam um imenso corredor ecológico entre o oceano Atlântico e o mar do Caribe, contendo espécies comuns em ambos os redutos. Apesar das expedições realizadas, estima-se que menos de 5% dos corais localizados no litoral do Pará e do Amapá tenham sido explorados.

A principal diferença destes recifes para os demais, presentes em águas rasas e cristalinas, está em seu habitat. A área onde foram encontrados é quase inóspita para esses organismos, já que as águas da foz do Amazonas são extremamente turvas – pela riqueza de sedimentos – e os corais precisam de luz para sobreviver. Além dos detritos, a profundida em que se encontram dificulta ainda mais a penetração dos raios solares.

“É o maior recife do Brasil e um dos maiores do mundo. A existência nessas condições faz dos corais da Amazônia um ambiente com características únicas em todo o planeta. Até então, os livros diziam que corais não cresciam perto da foz de grandes rios, onde a água doce chega ao mar carregada de lama, é mais escura e impede a entrada da luz”, pontuou o senador Vital.

Ameaça

Apesar da comunidade cientifica ter comprovado a existência dos corais somente em 2016, companhias petrolíferas já demonstraram interesse em explorar a área. O setor norte dos corais, a 135 km da costa do Oiapoque, no Amapá, é o local menos estudo pelos cientistas devido às correntezas marinhas e também o mais ameaçado. Na região “estão os blocos que as petrolíferas querem explorar”, indicou o Greenpeace após realizar uma expedição.

O Ibama negou a licença ambiental à empresa francesa Total, que faria a exploração de petróleo na região. Entretanto, conforme lembrou o senador Vital, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) já leiloou blocos de exploração na foz do Amazonas e as empresas vencedoras querem iniciar a atividade de exploração. Por isso a importância de preservar a área.

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