Nova espécie de mini sapo é descoberta em Santa Catarina
Uma densa porção de Mata Atlântica em Santa Catarina guarda uma espécie de sapo peculiar e até então desconhecida. O animal foi descoberto no Morro Santo Anjo, na cidade de Massaranduba, por pesquisadores da ONG Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, em projeto com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O sapo foi oficialmente descrito em artigo veiculado no início de outubro na publicação científica internacional PeerJ.
O mini sapo, batizado de Brachycephalus mirissimus, mede entre 10 e 13 milímetros, o equivalente ao tamanho de uma unha, aproximadamente. Segundo a Mater Natura, o animal encontra-se no grupo dos menores vertebrados do mundo. Essa característica deve-se a um processo evolutivo chamado miniaturização, o que dá à espécie uma vantagem estratégica para sobreviver às condições da montanha. Apesar do tamanho, ele chama atenção por sua coloração alaranjada e uma listra branca no dorso, com uma mancha arredondada na cabeça.
“Além disso, por viverem em lugares íngremes e úmidos, mas sem a presença de grande quantidade de água, durante o processo evolutivo esses sapinhos da montanha também adquiriram outra característica própria: eles não passam pela fase de girino”, relata um dos pesquisadores da organização que descobriram a nova espécie, Luiz Fernando Ribeiro.
O sapo foi encontrado apenas em uma montanha da região e com baixa densidade populacional. “Os dados obtidos durante a pesquisa, assim como a perda de área no local para o plantio de pinus e eucaliptos, são preocupantes para a conservação da espécie”, ressalta o primeiro pesquisador a encontrar o novo sapo, Marcos Bornschein, pesquisador do Mater Natura e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Em cinco anos, a Mater Nautra descobriu 15 novas espécies de mini sapos. Para Emerson Antônio de Oliveira, coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Boticário, descobertas como essa reafirmam a importância da conservação da natureza para a manutenção das espécies. “Atualmente, a Mata Atlântica conta com menos de 8% da sua cobertura original. Cada descoberta é um passo a mais para defendermos a conservação da biodiversidade para que essas espécies não desapareçam”, destaca.