Amazônia Legal possui 3,46 milhões de km de estradas
Grande parte da Amazônia brasileira sofre com o avanço do desmatamento ligado à construção de estradas. Segundo mapeamento inédito realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), por meio de inteligência artificial, as estradas já cortam ou estão a menos de 10 km de 41% da área florestal, o que ameaça a manutenção da floresta e seus povos, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
A pesquisa, publicada na revista científica Remote Sensing, mapeou 3,46 milhões de km de estradas na Amazônia Legal. A maioria está concentrada no arco do desmatamento, local com os maiores índices de destruição na Amazônia, dividido entre o Maranhão, Tocantins, Pará, Rondônia e Mato Grosso.
Nessas regiões, madeireiros, garimpeiros e grileiros abrem estradas sobre áreas de floresta, gerando novos focos de desmatamento e incêndios. Embora a pesquisa não diferencie estradas oficiais de não oficiais, a grande maioria das vias identificadas são clandestinas.
Na comparação com o mapeamento anterior, de 2016, o estudo mostra expansão das vias para as novas fronteiras do desmatamento: o Sul do Amazonas, o Oeste do Pará e a Terra do Meio, também em solo paraense.
Áreas protegidas em risco
O levantamento revela que 33% das estradas mapeadas estão em terras públicas e 67% em terras privadas e assentamentos. Em áreas protegidas, as estradas já ocupam 280 mil km, dos quais 184 mil km estão em unidades de conservação e 91 mil km em terras indígenas.
Entre as categorias de terras públicas, as não destinadas detém as maiores estradas, que juntas somam 854 mil km. Essas áreas concentram um quarto das vias mapeadas em toda a Amazônia (25%), o que provavelmente indica que estão sendo pressionadas por crimes ambientais como extração ilegal de madeira, garimpo e grilagem, aponta o Imazon.
O estudo chama atenção tanto para a proteção da floresta quanto para a importância do mapeamento e do monitoramento dessas estradas. “Em estudos anteriores, já havíamos indicado que 95% do desmatamento na Amazônia se concentrava em até 5,5 km das estradas. E que 85% das queimadas ocorriam em até 5 km delas”, explica o coordenador da pesquisa, Carlos Souza Jr.
Por que monitorar as estradas na Amazônia?
Para regiões de floresta tropical, como o bioma amazônico, as estradas são um dos principais impulsionadores de mudança florestal por desmatamento, aumentando a probabilidade de incêndios e ameaças para áreas protegidas.
Além da proteção ambiental, o processo pode aprimorar o planejamento urbano e os sistemas de transporte, ajudando gestores públicos a tomar melhores decisões para o desenvolvimento sustentável da região.
“Mapear e monitorar as estradas é crucial para identificar ameaças à floresta e aos povos e comunidades tradicionais que vivem nela, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Em estudos anteriores, já havíamos indicado que 95% do desmatamento na Amazônia se concentrava em até 5,5 km das estradas. E que 85% das queimadas ocorriam em até 5 km delas”, explica o coordenador da pesquisa, Carlos Souza Jr.