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Frutos do Cerrado: cinco espécies para conhecer

Frutos do Cerrado: cinco espécies para conhecer
Pequi é conhecido como “o ouro do Cerrado”. /Crédito: Jean Marconi [CC BY-NC-SA]

Grandes planícies, vegetação rasteira e árvores de pequeno porte com galhos retorcidos. A aridez, no entanto, é apenas na aparência. O Cerrado fornece 40% da água doce do país, alimentando oito das 12 principais bacias hidrográficas brasileiras, como a Amazônica, do São Francisco e do Paraná. Por isso, o bioma é conhecido como a caixa d’água do Brasil.

Considerado o segundo maior bioma brasileiro, o Cerrado ocupa 24% do território nacional. Sua área equivale ao território da França, Alemanha, Itália, Espanha e Inglaterra juntos. É a savana mais biodiversa do planeta, que abriga 5% de todas as espécies da Terra, das quais 32% são únicas. Além disso, funciona como grande sumidouro de carbono, exercendo importante função na regulação do clima.

Apesar da importância, o Cerrado sofre grande pressão da agropecuária. Nas últimas décadas, o bioma perdeu quase metade de sua cobertura original. Desde 2009, o Cerrado perde em média 1 milhão de hectares por ano. Para agravar a situação, apenas 8% de sua área é legalmente protegida, um dos menores índices de proteção entre todos os hotspots do mundo.

Conservar o Cerrado é preservar sua diversidade de plantas, animais e também de povos, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros que dependem dos recursos naturais do bioma para sobreviver. Se praticado de forma sustentável, o extrativismo pode auxiliar no desenvolvimento socioeconômico e na proteção dos habitats naturais, contrapondo o modelo de agricultura em larga escala.

Conheça algumas das riquezas e sabores do Cerrado:

Pequi: o ouro do Cerrado

Um dos mais famosos frutos do Cerrado, o Pequi é um clássico regional. O pequizeiro é uma árvore de médio porte, com galhos retorcidos e belas flores amarelas. Seu tamanho e época de frutificação variam de acordo com a região. Seus frutos ficam dentro de uma casca e são cobertos por polpa amarela. “Pequi” é uma palavra de origem Tupi, que significa “pele com espinhos”, em referência aos espinhos de seu caroço.

Seu manejo é quase exclusivamente feito por grupos extrativistas, que conseguem incrementar a renda a partir da colheita, processamento e venda dos frutos. Por isso, o pequi é conhecido como “o ouro do Cerrado”. é muito utilizado na gastronomia. O prato mais famoso com o fruto é o tradicional arroz com pequi. Sua polpa é rica em vitamina C, e pode ser usada em diversos preparos, como doces, licores e sorvetes. Estudos mais recentes comprovaram até seu potencial para a geração de biocombustíveis.

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Crédito: Jean Marconi [CC BY-NC-SA]

A versatilidade do jatobá

Planta típica de todo o Cerrado, o Jatobá é de grande importância para o equilíbrio ambiental do bioma. Seu nome também deriva do Tupi, cujo significado é “árvore do fruto duro”. O jatobazeiro pode atingir os 20 metros e se adapta bem a solos secos.

É muito utilizado na recuperação ambiental, uma vez que a árvore atrai diversos tipos de animais que se alimentam de seus frutos. Além do Cerrado, pode ser encontrado também em outros biomas, como Mata Atlântica e Amazônia. Diferentes partes do fruto são utilizadas na gastronomia: sua polpa é transformada em farinha para fazer pães e bolos, além de vitaminas, licores e mingaus.

Suas propriedades medicinais também são empregadas na medicina popular e até na indústria farmacêutica e cosmética. O xarope ou chá feito de sua casca combate sintomas gripais, enquanto suas sementes e casca são usadas no artesanato e, sua madeira, na construção civil.

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Crédito: Mauro Halpern [CC BY]

A mangaba e os quitutes do sertão

Embora o fruto seja pouco conhecido, quase todo mundo já ouviu falar da mangabeira. A árvore possui porte pequeno a médio, de dois a 10 metros, e apresenta galhos retorcidos. Adora ambientes secos, estando presente no Cerrado e na Caatinga. Floresce de forma irregular e frutifica praticamente durante todo o ano.

A mangaba é uma fruta muito saborosa e altamente nutritiva, sendo riquíssima em vitamina C e proteínas. Os frutos adocicados podem ser consumidos in natura ou na forma doces, sorvetes e bebidas. No Nordeste, a mangaba faz muito sucesso, sendo uma das frutas nativas mais consumidas na região.

Além dos frutos, outras partes da planta podem ser aproveitadas. A casca, as folhas e o látex são usados para fins medicinais. A planta é útil no tratamento de cólicas menstruais, doenças de pele, úlceras e tuberculose.

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Crédito: Artur Corumba [CC BY-NC-SA]

Buriti: a palmeira do Cerrado

O buriti é uma planta típica do Cerrado, considerada uma das mais singulares e abundantes palmeiras do país. Alastra-se em brejos e regiões pantanosas, servindo como indicativo de que existe água na região. Além do Cerrado, ocorre em toda a Amazônia e Pantanal, sobre solos mal drenados.

Esguia e elegante, a palmeira mede até 40 metros de altura. Seu fruto é bem pequeno, mas seu potencial nutricional é enorme. É rico em vitaminas (possui 20 vezes mais vitamina A que a cenoura), fibras, óleos e minerais, como o ferro. Do buriti é extraído delicioso palmito e a polpa de seu fruto pode dar origem a doces, sucos, licores, vinhos e até sorvetes.

Já o óleo extraído da fruta tem valor medicinal para os povos tradicionais do Cerrado, que o utilizam como vermífugo e energético natural. Também pode ser utilizado para fritar peixe, fabricar sabão e cosméticos. Suas folhas são usadas no artesanato, na confecção de cestos, bolsas, acessórios e até para cobrir casas. Também é possível construir móveis e outros objetos utilizando os talos do buriti.

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Crédito: Jean Marconi [CC BY-NC-SA]

A beleza da cagaita

Em praticamente todo o Cerrado é possível encontrar uma cagaiteira, árvore de até 20 metros de altura que embeleza a paisagem na sua época de floração. Entre julho e setembro, as cagaiteiras chamam a atenção por sua grande quantidade de flores brancas, o que produz efeito vibrante na paisagem do Cerrado.

A polpa de seu fruto levemente ácida é consumida por macacos e saguis, que contribuem para espalhar as sementes e originar novas plantas. Eles podem ser consumidos in natura ou empregados no preparo de licores, sucos, sorvetes, sucos, geleias e doces. Quando fermentados, os frutos ainda podem ser usados para produzir álcool e vinagre.

Na medicina tradicional, os frutos da cagaiteira são conhecidos pelo efeito laxante, enquanto as folhas são úteis no combate de problemas cardíacos, bem como no tratamento de diarreia, diabetes e icterícia

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Crédito: Mauricio Mercadante [CC BY-NC-SA]

Conhecer para preservar

Essas são apenas algumas das plantas alimentícias do Cerrado que enriquecem a culinária regional. Apesar de serem nativas do Brasil, presentes em grande parte do território nacional, o consumo é quase restrito às comunidades rurais do bioma. Nas cidades, ainda são pouco conhecidas.

Redescobrir os sabores do Cerrado, conhecendo seus frutos e riquezas são formas de valorizar o bioma. Fortalecer os grupos extrativistas e os povos tradicionais, bem como difundir sua gastronomia, também é uma forma eficiente e muito saborosa de preservar nossa rica biodiversidade.

Há diversas iniciativas que desenvolvem atividades produtivas a partir do uso sustentável da biodiversidade do Cerrado. Conheça algumas delas:

Central do Cerrado
Copabase
Cooperativa Grande Sertão