Plantas da sua casa podem ser venenosas aos pets
As plantas harmonizam o ambiente e nos deixam mais próximos da natureza, mas elas podem ser muito perigosas para os animais de estimação. Estudo realizado por alunos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) indicou 16 espécies nocivas aos bichos. A pesquisa, realizada em clínicas veterinárias da capital paulistana, foi liderada pela professora Silvana Gorniak, veterinária e doutora em Patologia Experimental.
A principal responsável pelas intoxicações é a comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia sp). Na crença popular, ela protege do mau-olhado e inveja, por isso é muito comum nos lares. Mas sua alta concentração de oxalato de cálcio e outras substâncias tóxicas podem causar até a morte de animais ou humanos. O envenenamento pode ocorrer por ingestão de qualquer parte da planta, contato com os olhos ou a pele. Os sintomas variam desde edema (inchaço), irritação da mucosa e até mesmo asfixia e morte, sempre com dor intensa.
Confira as outras espécies que podem causar intoxicações nos animais:
Espirradeira ou Oleandro (Nerium oleander) – Apesar de belíssima, a espirradeira não é flor que se cheire. Ela está entre as plantas mais tóxicas por conter em todas as suas partes glicosídeos cardioativos. Esses compostos podem desencadear no animal arritmia, vômito, diarreia, perda da coordenação muscular, dificuldades respiratórias, paralisia, coma e até a morte. Os sintomas podem surgir até 24 horas após a ingestão.
Tomate verde (Solanum lycopersicun) – Para surpresa de muitos, um alimento consumido por humanos pode ser venenoso aos bichos de estimação. Isso ocorre por que as folhas e os frutos verdes possuem alcaloide tomatina, uma toxina que se torna inerte quando o fruto amadurece. Se um cachorro ou gato consumir o tomate antes de madurar, ele pode sofrer arritmias cardíacas, dificuldade de respirar, salivação abundante, diarreia e vômitos.
Azaleia (Azalea sp) – Originária do Japão, a espécie tem como principio ativo a andromedotixina, uma substância cuja ingestão pode causar distúrbios digestivos e alteração no fluxo de sangue bombeado pelo coração.
Mamona (Ricinus communis) – A ricina, composto tóxico presente nas sementes da mamona, é capaz de atacar o sistema nervoso dos bichos. Por isso, a própria planta e seus derivados – como adubos e óleos – devem ser mantidos longe de cães e gatos. Vômito, salivação, diarreia, cólicas, desidratação, sangramento nas fezes e elevação da temperatura corporal são alguns dos sintomas decorrentes da intoxicação pela planta.
Espada-de-são-jorge (Sansevieria trifasciata) – Se o animal entrar em contato com essa planta ele pode sofrer de salivação intensa, bem como dificuldade de movimentação e respiração. Isso se deve à presença dos glocosídeos pregnâncios e saponinas esteroidais, substâncias nocivas aos bichos.
Lírio (Lilium sp) – A intoxicação por lírio pode ser identificada nos animais por diversos sintomas: irritação oral, coceira, irritação ocular, dificuldade para engolir e, em casos mais graves, dificuldade de respirar, alterações nas funções renais e neurológicas.
Lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii) – Muito utilizada na ornamentação, essa espécie de lírio pode causar envenenamento no animal mediante contato em qualquer parte de sua estrutura. Os sintomas incluem irritação na boca e nos olhos, coceira, dificuldade de engolir e respirar, além de comprometimento das funções neurológicas e renais.
Bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima) – O cuidado com essa planta deve ser redobrado, pois apenas um toque pode causar lesões cutâneas e conjuntivite nos animais. Para ingestão as consequências são piores: náuseas, vômitos e gastroenterite. Isso se deve à presença do látex irritante, substância de aspecto leitoso que pode ser observada ao se cortar parte do caule da planta.
Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica) – Quem vê o elegante copo-de-leite não imagina como é perigoso aos animais. Sua periculosidade se deve à presença do oxalato de cálcio, responsável por causar irritação das mucosas, dor severa e grande inchaço na garganta.
Violeta (Viola odorat) – Gastrite, problemas circulatórios e respiratórios, diarreia e vômito são os sintomas comuns em animais que ingerem grande quantidade da planta. Os causadores dessas reações são os princípios ativos tóxicos: violinha, ácido tânico e salicílico.
Coroa-de-Cristo (Euphorbia milii) – Além dos espinhos, essa planta é perigosa aos animais por causa da substância látex irritante, também presente no bico-de-papagaio. Ao entrar em contato ou ser ingerido pelos pets, esse líquido pode causar inchaço, dor e vermelhidão.
Fumo-bravo (Solanum mauritianum) – Apesar de ser utilizada na medicina popular para tratar humanos, é tóxica aos animais. A ingestão de seus frutos pode causar diarreia, inflamação do intestino, elevação das enzimas hepáticas, gastrite, náuseas e vômitos.
Avenca (Adiantum capillus-veneris) – Na crença popular a avenca serve para fins medicinais, por isso não é difícil encontrá-la nos quintais. O problema é que seus brotos podem ser cancerígenos aos animais.
Antúrio (Anthurium spp) – Assim como a comigo-ninguém-pode, todas as partes do antúrio possuem oxalato de cálcio, substância nociva aos pets. O contato com a planta pode causar queimação de mucosas, inchaço da boca e garganta, asfixia, náuseas, salivação, vômitos e diarreias.
Maconha (Cannabis sativa) – A maconha tem seu cultivo proibido por lei no Brasil, porém os inúmeros casos de intoxicação de animais pela erva mostram que a proibição não impede o seu consumo. Acredita-se que as intoxicações aconteçam pela inalação da fumaça do cigarro de maconha ou pela ingestão das folhas ou alimentos que contenham o tetraidrocanabinol (THC), princípio ativo da planta. Os sintomas de intoxicação são depressão, perda do controle muscular, desorientação, tremores, convulsões, mudanças comportamentais e aumento de sensibilidade à dor.
Se o seu bichinho de estimação apresentar quaisquer sintomas leve-o rapidamente a uma clínica veterinária de confiança. Se a suspeita for a ingestão de alguma planta, tente identificar a espécie e leve uma amostra ao profissional.