Poluição e aquecimento global aumentam zonas sem oxigênio nos oceanos
Zonas mortas são grandes extensões de água com pouco ou nenhum oxigênio. O tamanho dessas áreas no oceano aberto quadruplicou nos últimos 50 anos, enquanto em águas costeiras, as zonas mortas aumentaram dez vezes desde 1950. O alerta é de cientistas da Global Ocean Oxygen Network (GO2NE), um novo grupo de trabalho criado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em estudo publicado na revista Science, os pesquisadores afirmam que o fenômeno ameaça a vida marinha e comunidades que têm o mar como meio de subsistência, pois poucos organismos sobrevivem nestas condições. As principais causas apontadas para a proliferação das zonas mortas são a poluição dos mares e o aquecimento do planeta.
Devido ao aumento das temperaturas, o aquecimento das águas superficiais dificulta a chegada de oxigênio no interior do oceano, o que, consequentemente, pode ocasionar a deformação, adoecimento, sufocação e a morte de muitos animais. Ou seja, a extinção em massa de várias espécies. “Nos estuários e outros sistemas costeiros, as quedas de oxigênio foram causadas por maiores cargas de nutrientes (nitrogênio e fósforo) e matéria orgânica, advindas principalmente da agricultura, esgoto e da combustão de combustíveis fósseis”, apontou o estudo.
Com o crescimento das zonas mortas, todo o planeta pode ser prejudicado. Além da destruição do ecossistema marinho, o baixo oxigênio pode desencadear a liberação de produtos químicos perigosos, como o óxido nitroso. Ele é um gás de efeito de estufa até 300 vezes mais poderoso que o dióxido de carbono e o sulfeto de hidrogênio tóxico. Os recifes de corais, que sofrem com o processo de branqueamento, também podem padecer. Vladimir Ryabinin, secretário executivo da GO2NE, salientou ainda que aproximadamente metade de todo o oxigênio da Terra vem do oceano.
Apesar do prognóstico desfavorável, há medidas que podemos adotar para reverter esse cenário. A ONU elencou dez atitudes para combater a degradação dos mares:
1. Pare de beber água em garrafas de plástico
A taxa média global de reciclagem de plástico é de 25%, o que significa que um volume enorme de lixo plástico vai parar nos oceanos. Além disso, o material demora 450 anos para se decompor na natureza. Uma alternativa seria substituir sua garrafa de plástico por uma de aço inoxidável reutilizável.
2. Não jogue bitucas de cigarro na rua
Filtros de cigarro têm em sua composição milhares de substâncias químicas que podem matar peixes marinhos e de água doce. Então se você fuma, jogue sua bituca numa lata de lixo.
3. Faça escolhas mais conscientes quando comer frutos do mar
Locais de pesca em todo o mundo estão entrando em colapso por causa de práticas pesqueiras insustentáveis. Quando você comprar peixe, tenha certeza de que se trata de animal capturado ou criado de uma forma ambientalmente responsável.
4. Diminua sua pegada de carbono
Os oceanos absorvem mais de 25% das emissões de dióxido de carbono geradas pelo homem. O resultado é a acidificação das águas marinhas, fenômeno em que o PH dos oceanos diminui, causando desequilíbrio químico no meio aquático e ameaça a uma gama de espécies. Para diminuir suas emissões de CO2 opte por se deslocar de bicicleta ou transporte público em vez de usar o carro; diminua o consumo geral de energia e use fontes de energia renováveis, como a solar ou eólica.
5. Não use copos, talheres nem canudos descartáveis feitos de plástico
Mais de 50% das tartarugas marinhas morrem por ingerir alguma forma de lixo. Cerca de 90% de todo o lixo flutuando nos oceanos é plástico. Estimativas apontam que se o ritmo de descarte de plástico não for reduzido, os oceanos terão, até 2050, mais plásticos que peixes; e 99% das aves marinhas terão ingerido o material.
6. Seja um consumidor informado
Com o esgoto, microplásticos da sua pasta de dente, produtos de higiene e roupas são lançados ao mar. Ainda é impossível retirá-los dos oceanos por causa do seu tamanho. Atualmente, há pelo menos 51 trilhões de partículas de microplástico nos mares. Isso coloca em risco animais e humanos, que comem o material ao consumir frutos do mar. Quando comprar qualquer produto, evite os que contêm micropartículas. Olhe a lista de ingredientes e se contiver polipropileno, polietileno, tereftalato de polietileno ou metacrilato de polimetilo, não compre.
7. Organize um mutirão de limpeza de praia
Que tal levar seus amigos para uma coleta de lixo? Lembre-se de se assegurar que o material recolhido seja descartado de maneira sustentável, de modo que os resíduos não cheguem, por uma segunda vez, ao mar.
8. Evite embalagens e sacos plásticos
Você já deve ter entendido que o plástico destrói os oceanos. Quando for ao supermercado, use sacolas de papel ou retornáveis em vez das de plástico na hora de empacotar as compras e prefira produtos embalados em vidro ou papel.
9. Cuide do seu animal doméstico com responsabilidade
Os resíduos das caixas de areia dos gatos são muito destrutivos para a vida marinha. Portanto, não os despeje na privada, pois eles vão parar no mar pelos esgotos. Se tiver um aquário, evite comprar peixes de água salgada capturados de ambientes silvestres. Nunca solte peixes de aquário, que não são nativos da região, no mar. Espécies exóticas invasoras são a segunda maior causa de extinção de espécies, atrás apenas da destruição de habitats.
10. Apoie uma organização que proteja a vida marinha
Se você se preocupa com a vida debaixo d’água e consigo mesmo, doe tempo ou dinheiro para uma organização que ajudará a combater esses problemas.