Cerrado: hotspot mundial de biodiversidade
O Brasil passa por mais um Dia do Cerrado, celebrado no dia 11 de setembro, sem muitos motivos para comemorar. Apesar de sua importância biológica, o Cerrado é o bioma que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral: menos de 3%. Além da pouca proteção, o ambiente é ameaçado constantemente pela ocupação humana. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações como, por exemplo, extração ilegal de madeira e de carvão, avanço desregrado da agropecuária, da urbanização e da geração de energia. Ao todo, de acordo com a ONG WWF-Brasil, o bioma já perdeu metade de sua vegetação original e o restante está muito fragmentado.
Segundo dados do Ibama/Ministério do Meio Ambiente, a área do Cerrado foi reduzida em 48,4%. A taxa de desmatamento anual é de 0,69%, maior que da Amazônia e dos demais biomas brasileiros. Se o ritmo continuar acelerado, estima-se um prazo de 40 a 50 anos para o completo desaparecimento de seus recursos florestais.
Apesar das agressões, o Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, atrás apenas da Amazônia. Sua imensa área, de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados (km²), encobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de porções no Amapá, Roraima e Amazonas.
Características
O Cerrado possui grandes reservas subterrâneas de água doce que abastecem as principais bacias hidrográficas do país: Amazonas, Tocantins/Araguaia, São Francisco, Paraná e Paraguai. Essa riqueza hídrica tem um papel fundamental no abastecimento humano, na geração de energia e na produção agrícola. Ao mesmo tempo, é considerado um hotspot mundial para a conservação da natureza.
O bioma é considerado a savana mais rica em biodiversidade do mundo: abriga 5% da biodiversidade global e 30% da brasileira. São 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas, sendo 4.400 endêmicas (exclusivas). O bioma também é refúgio de cerca de 199 espécies de mamíferos; 837 espécies de aves; 1.200 espécies de peixes; 180 espécies de répteis (28% endêmicas); e 150 espécies de anfíbios (17% endêmicas). Entre os animais simbólicos do Cerrado estão o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tatu-canastra (Priodontes Giganteusso), papagaio-galego (Amazona xanthops), ema (Rhea americana), seriema (Cariama cristata), pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), arara-canindé (Ara ararauna), pica-pau-do-campo (Colaptes campestris), tiê-do-Cerrado (Neothraupis fasciata), calango (Tropidurus sp) e teiu (Tupinambis sp). Em média, uma em cada quatro espécies ameaçadas do país vive no Cerrado.
Em relação à vegetação, destacam-se o buriti (Mauritia flexuosa), cajueiro-do-campo (Anacardium humile), canela-de-ema (Vellozia flavicans), cagaita (Eugenia dysenterica), sombreiro e chuveirinho (Paepalanthus sp), mangaba (Hancornia speciosa), sucupira (Pterodon pubescens), lobeira (Solanum lycocarpum), angelim (Andira vermifuga), ipê-amarelo (Tabebuia ochracea), gritadeira (Palicourea rigida), baruzeiro (Dipteryx alata) e flor-do-Cerrado (Calliandra dysantha), além de variadas espécies de orquídeas, cactos, árvores, arbustos e gramíneas.
Confira o vídeo produzido pela WWF-Brasil sobre o Cerrado!