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Cidades-esponja: 5 alternativas para combater as enchentes nos centros urbanos

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Cidades-esponja: 5 alternativas para combater as enchentes nos centros urbanos
Parque alagável Minghu

Um rastro de destruição foi deixado pelas enchentes em Belo Horizonte, São Paulo e em outras cidades brasileiras neste ano. Fatores como a canalização dos cursos d’água, supressão das áreas verdes e crescimento urbano desordenado, aliados ao grande volume de chuvas registrado nos primeiros meses de 2020, agravaram as consequências das cheias nas cidades.

Em BH, estima-se que a canalização encobriu 200 dos 700 quilômetros dos cursos d’água do município. Entre os rios confinados estão o córrego do Leitão, que está abaixo da avenida Prudente de Morais; o Acaba Mundo, sob a avenida Uruguai; e o córrego Serra, que corre pelo bairro homônimo até o Funcionários.

Segundo o geógrafo Alessandro Borsagli, o processo de degradação e ocultação dos cursos d’água em Belo Horizonte iniciou na inauguração da nova capital – em 1897 – e foi até a consolidação da metrópole, em 1970. Na época, a cobertura era vista como saída para o “mau aspecto e cheiro ainda pior dos córregos a céu aberto”, explicou o pesquisador. Em outras cidades ocorreu o mesmo: os rios foram cobertos pelo asfalto e o solo impermeabilizado, impedindo o escoamento da água da chuva.

Embora a falta de planejamento urbano e ambiental assole grande parte das cidades brasileiras, especialistas destacam que há maneiras de reverter esse cenário e minimizar os efeitos dos alagamentos nos grandes centros urbanos. Várias cidades ao redor do mundo têm sido chamadas de cidades-esponja pela série de medidas que adotaram para absorver a água da chuva e evitar os estragos das enchentes.

Praça de água

Em Roterdã, na Holanda, um complexo sistema de absorção de água pluvial foi construído em um ponto turístico da cidade, a praça Benthemplein. Parte da água coletada é filtrada e distribuída entre os bebedouros locais, enquanto o restante é destinado à irrigação de árvores e plantas nativas durante as estações secas.

O sistema conta com três bacias de armazenamento e absorção. Duas delas são subterrâneas e ficam responsáveis por conter a água pluvial, ao passo que a bacia externa fica com o excesso de água que as bacias menores não conseguem armazenar. O mais interessante é que essa terceira bacia funciona como quadra esportiva nos dias secos.

Superfícies permeáveis

Na maioria das cidades, a coleta de água pluvial se dá principalmente por meio dos bueiros. Entretanto, os dispositivos acumulam grande quantidade de lixo e acabam não cumprindo com sua função. Pensando nisso que a cidade chinesa de Lingshui substituiu as tradicionais bocas de lobo por estruturas conhecidas como bioswales. Elas são nada mais que canais de vegetação nativa que ficam às margens das ruas absorvendo a água da chuva.

Outro exemplo de superfície permeável pode ser encontrado em Copenhague, na Dinamarca, onde pesquisadores têm desenvolvido concretos capazes de absorver líquidos. Na cidade, uma praça já foi coberta pelo material fibroso, conhecido como stone wool. Ele suga a água pluvial e vai liberando-a aos poucos, minimizando os riscos de alagamento.

Telhados verdes

Apesar do sucesso envolvendo os “concretos permeáveis”, a cobertura vegetal não deixa de ser a melhor forma de reter água. Por isso, projetos de telhados verdes – em que o topo de prédios e casas são cobertos por grama, arbustos ou árvores – continuam sendo excelentes alternativas para absorver o volume das chuvas. O propósito é reter parte da água da chuva nos tetos e diminuir fluxo que vai para as ruas.

A construção de jardins e hortas no lugar de garagens e demais zonas impermeáveis também ajuda na contenção da água, além de auxiliar na regulagem do clima.

Corredores ecológicos

Comuns no mundo inteiro, corredores ecológicos servem para conectar áreas protegidas ou fragmentos florestais que foram isolados pela interferência humana. São importantes ferramentas de recuperação de áreas degradadas e de manutenção da biodiversidade.

A implantação destes corredores serve também para reestabelecer o fluxo natural de rios que nascem em áreas protegidas ou remanescentes florestais e perpassam pela malha urbana. Para implantar os corredores, podem ser construídos nas cidades parques lineares ou vias verdes, um tipo de cinturão de vegetação que cerca e conecta os cursos d’água à rede hídrica.

Como abrangem os fundos de vales – ponto mais baixo de um relevo acidentado, por onde escoam as águas das chuvas – os parques lineares são eficazes na contenção de enchentes. Por serem permeáveis, as áreas verdes também facilitam a absorção da água pelo solo.

Parques alagáveis

Os chineses são pioneiros quando se trata de soluções para cidades-espoja. Uma das invenções mais surpreendentes são os parques alagáveis construídos no país. Eles são projetados para serem parcialmente alagados durante parte do ano e contam com passarelas suspensas para que os visitantes possam frequentá-los nas épocas de cheias.

Nos parques, tudo é pensando para favorecer a absorção da água, desde as estruturas até o paisagismo.