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Mudanças climáticas agravam ondas de calor 

Neste ano, os brasileiros enfrentaram altas temperaturas. Na cidade do Rio, a sensação térmica chegou a 62,3°C.

Mudanças climáticas agravam ondas de calor 

As mudanças climáticas estão agravando as ondas de calor. Essa é a constatação de um estudo conduzido pela ClimaMeter, uma rede internacional de cientistas focada na relação entre clima e extremos meteorológicos. A pesquisa analisou como eventos de calor extremo mudaram entre 2001 e 2023, em comparação ao período entre 1979 e 2001.

De acordo com o levantamento, a ação do homem sobre o meio ambiente é a principal influência sobre as alterações no clima. Ao compararem as temperaturas atuais com as do século passado, os pesquisadores observaram que as últimas ondas de calor foram muito mais intensas.

Segundo o ClimaMeter, as ondas de calor que ocorreram no Brasil em 2024 estão até 1°C mais quentes em comparação aos anos anteriores. Além disso, eles observaram uma mudança na distribuição desses episódios. Enquanto antes as ondas de calor eram mais frequentes em novembro e dezembro, nos últimos anos elas têm se estendido até fevereiro e março, meses de temperaturas mais amenas.

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Entre 15 e 18 de março, as temperaturas alcançaram níveis incomuns para o início do outono no hemisfério sul, atingindo 42°C no Rio de Janeiro. A sensação térmica chegou a 62,3°C na capital carioca, batendo o recorde da última década. Ao passo que o Rio enfrentava temperaturas escaldantes, o sul do país sofria com chuvas torrenciais e enchentes.

Calor sem precendentes

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) classifica ondas de calor como eventos de no mínimo seis dias consecutivos em que a temperatura máxima supera 10% do que é considerado extremo. Neste ano, já ocorreram três episódios do gênero.

“Nossa análise revela temperaturas percebidas excepcionalmente altas resultantes da convergência de ar anormalmente quente e aumento da umidade, fenômenos que devem se intensificar ainda mais com as mudanças climáticas em curso”, explica o pesquisador Tommaso Albert, um dos autores do estudo.

Apesar do El Niño, fenômeno natural de aquecimento do oceano Pacífico, contribuir para o calor, a influência humana é muito maior, apontam os pesquisadores. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, o Brasil e outros países sul-americanos sofrerão condições extremas de estresse térmico com muito mais frequência até o final do século. Por isso espera-se um aumento na mortalidade relacionada às ondas de calor nas zonas urbanas.

“Se continuarmos queimando, mantendo a utilização de combustíveis fósseis, o que se espera é que essas ondas de calor aqueçam o Brasil com cada vez mais frequência e com maior intensidade”, conclui o diretor de pesquisa da Agência Francesa de Investigação (CNRS) e do Instituto Pierre Simon Laplace (IPSL), Davide Faranda.