Desmatamento cai 64% na Amazônia e sobe 238% no Cerrado
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) alertaram para o crescimento do desmatamento no Cerrado. Em novembro, o bioma perdeu 571,6 km², quase três vezes o registrado no mesmo período de 2022, um aumento de 238%. O número é o pior para o mês em cinco anos.
A destruição está concentrada no Matopiba, fronteira agrícola que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Foram 315,7 km² desmatados somente nesta região, onde o Tocantins foi responsável pela maior parte: 115,7 km². Em seguida aparecem Maranhão (113,8 km²) e Minas Gerais (89,2 km²).
Amazônia tem melhor índice desde 2015
À medida que sobe no Cerrado, o desmatamento cai na Amazônia. Em novembro, a floresta perdeu 201,1 km², uma queda de 64% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O índice foi o melhor para o período em oito anos.
As medições são feitas pelo sistema Deter, do Inpe, que emite sinais diários de alteração na cobertura florestal. Não é a primeira vez que o monitoramento aponta discrepâncias entre os níveis de desmatamento nos dois biomas. Com toda atenção do governo federal voltada para a Amazônia, o Cerrado sofre com a falta de investimentos.
Para reverter a situação, o presidente Lula lançou, no mês passado, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado (PPCerrado). Na Amazônia, o plano foi de grande importância para frear a destruição. A expectativa é que o mesmo aconteça no Cerrado.
“Enquanto presenciamos ações efetivas e queda de desmatamento na Amazônia, os dados para o Cerrado estão na contramão. Considerado a savana com maior biodiversidade do planeta, ele é também um dos biomas mais ameaçados, pois conta com uma proteção ambiental mais frágil e, consequentemente, com sucessivos recordes de desmatamento”, afirmou Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil.
Essencial para a segurança hídrica no Brasil, o Cerrado já teve mais da metade da sua vegetação nativa dizimada nas últimas décadas. Pesquisas mostram que o bioma pode entrar em colapso nos próximos 30 anos devido ao avanço da agropecuária, que tem tornado o Cerrado mais seco e quente. Até 2050 é esperado aumento de 6°C na temperatura do bioma em comparação à década de 1960.