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Crise climática pode causar extinção de mamíferos na Caatinga

Crise climática pode causar extinção de mamíferos na Caatinga
Cuíca é uma das espécies que pode desaparecer da Caatinga. Crédito: Nícholas Camargo

A Caatinga, um dos biomas mais devastados pela defaunação na América Latina, está prestes a sofrer mais um impacto. Devido às alterações climáticas, cientistas brasileiros apontam que 91,6% das comunidades de mamíferos do bioma podem ser extintas e 87% das espécies devem perder seus habitats até 2060.

O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica que os dados são de um cenário otimista, caso o Acordo de Paris seja cumprido pela humanidade.

Com base no último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as temperaturas médias no Norte da América do Sul devem subir em 2,7°C até 2060, acompanhadas por um acréscimo de 21 dias na estação seca. Os impactos serão maiores no Leste da Caatinga, na área de transição com a Mata Atlântica.

Mudanças drásticas e rápidas desse nível ameaçam a maioria das espécies do bioma, que possuem um curto tempo para se adaptar. Os mamíferos de pequeno porte, que compõem 54% da fauna da Caatinga, serão os mais afetados na previsão dos cientistas.

Entre eles, estão o rato-bico-de-lacre (Wiedomys pyrrhorhinos), o rato-da-árvore (Rhipidomys mastacalis), a cuíca (Graciliananus agilis) e o rato-de-espinho (Trinomys albispinus).

Além dos mamíferos, as plantas também serão prejudicadas pela crise climática. Uma pesquisa anterior estimou perda de 99% das espécies de plantas até 2060 e transformação da vegetação semiárida em uma de baixo porte, afetada pelo clima ainda mais quente e seco.

Diante dos resultados, os pesquisadores enfatizam a necessidade urgente de políticas de proteção do bioma. “Para uma política socioambiental e um planejamento de conservação bem-sucedidos no longo prazo, é fundamental que os resultados das previsões de biodiversidade sejam considerados”, afirmaram os autores do estudo.