Das 29 araras-azuis-de-lear resgatadas no Suriname, apenas 5 chegam ao Brasil

Araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) apreendidas pelo Serviço Florestal do Suriname em julho, que seriam trazidas de volta ao Brasil nesta semana, foram roubadas na última terça-feira (22). As aves, vítimas do tráfico internacional de animais silvestres, foram apreendidas junto de sete micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia).

A Polícia Federal, junto dos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Justiça e Segurança Pública e Relações Exteriores realizavam ação conjunta para repatriar as araras e os micos. Uma aeronave da Polícia Federal faria o transporte dos animais, que estavam sob posse do governo do Suriname.

Mas, na terça-feira, um guarda-caça comunicou o roubo de 23 das 29 aves que estavam na delegacia de polícia de Zanderij, a 60 km da capital Paramaribo, enquanto uma teria fugido. Segundo as autoridades locais, o roubo foi feito entre 1h e 3h da manhã. Ninguém foi preso até o momento.

O governo brasileiro comemorou o “sucesso” da operação de resgate, que trouxe os sete micos-leões-dourados, mas apenas cinco das 29 araras apreendidas no Suriname. Parlamentares e organizações da sociedade civil cobram explicações sobre o caso e proteção dos animais.

O deputado federal Felipe Becari (União-SP) enviou requerimentos de informação aos ministros Flávio Dino, da Justiça, e Marina Silva, do Meio Ambiente, sobre as providências que estão sendo tomadas pelo governo federal para recuperar os raros espécimes da fauna brasileira.

“Se as araras foram apreendidas pelo governo do Suriname em julho, por que a operação de resgate brasileira só se deu ao final do mês de agosto? O que explica este lapso temporal?”, questionou o parlamentar.

Destino dos animais resgatados

As araras-de-lear trazidas de volta ao Brasil foram encaminhadas à Estação Quarentenária de Cananeia, no litoral de São Paulo. Segundo a veterinária e analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) Sílvia Neri Godoy, que participou da operação, as aves estão aparentemente bem, apesar do estresse da viagem.

Já os micos-leões-dourados foram levados para o Zoológico de Guarulhos. Os primatas estão em um recinto de quarentena, onde ficarão durante 30 dias. De acordo com a diretora do zoo, Fernanda Magalhães, o processo é necessário para garantir que não haja contaminação por doenças.

“Nesses 30 dias de isolamento vamos nos certificar sobre as condições de saúde dos animais para providenciar tratamento, se necessário, e também para proteger o nosso plantel. Além do acompanhamento constante do comportamento, também serão feitos exames de sangue, de urina e de fezes, além de análise genética para verificar se existe consanguinidade entre eles, fator que vai ajudar a decidir o destino do grupo”, explicou.