População de mico-leão-dourado volta a crescer na Mata Atlântica
A população de micos-leões-dourados, na Mata Atlântica brasileira, atingiu recorde histórico, graças aos esforços de conservação iniciados há mais de 50 anos. Segundo estudo recente, o número de indivíduos da espécie passou de aproximadamente 200, em 1974, para mais de 3.700, em 2020.
Aos poucos, a espécie, vai se recuperando da epidemia de febre amarela que dizimou parte de sua população em 2014. Segundo o censo mais recente, realizado em 2020, há cerca de 4.800 micos-leões-dourados vivendo na Mata Atlântica, um aumento de quase 30% em relação a 2014, quando foram estimados 3.700 micos.
O crescimento da população aconteceu graças à vacinação dos micos no início do ano passado. A imunização foi fundamental para garantir a sobrevivência e o crescimento da espécie. Os pesquisadores atribuem o sucesso também à proteção do habitat, ao manejo genético e à educação ambiental.
“Estamos comemorando, mas sempre atentos às outras ameaças, porque a vida não é fácil”, disse o presidente da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), Luís Paulo Ferraz.
A AMLD trabalha para assegurar a existência do mico-leão-dourado e livrá-lo do perigo de extinção, tendo como meta atingir uma população de 2 mil indivíduos em uma área de 25 mil hectares de floresta preservada e interligada. Porém, a espécie ainda enfrenta sérios obstáculos, como a destruição e a fragmentação do habitat.
Hoje, o maior bloco de floresta tem apenas 15.696 hectares e não está completamente protegido. Além disso, o tráfico de animais silvestres, que foi um dos fatores do declínio da espécie, voltou a ser motivo de preocupação para os conservacionistas. Nos últimos dois anos, foram registrados casos de micos mantidos como “pet” fora do seu ambiente natural e apreensões de micos traficados para fora do Brasil.
A pesquisa
A AMLD contabilizou a população de micos-leões-dourados na Bacia do Rio São João, no interior do Rio de Janeiro, usando a técnica de playback, que consiste em reproduzir o som dos micos e contar as respostas.
Segundo James Dietz, biólogo e vice-presidente da entidade, os pesquisadores visitaram lugares específicos e observaram se os macacos reagiam às gravações do longo chamado dos micos, que basicamente quer dizer “Estou aqui. Onde você está?”.
O censo durou cerca de nove meses e abrangeu também uma pequena área da Bacia do Rio Macaé. O pesquisador James Dietz atribui o sucesso à colonização de quatro grandes áreas que antes tinham poucos ou nenhum mico. O censo não considerou populações isoladas nem zoológicos.