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Glitter também polui: estudo revela a presença de glitter em ostras e mariscos em Santa Catarina

Glitter também polui: estudo revela a presença de glitter em ostras e mariscos em Santa Catarina

Pesquisadores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Itajaí, encontraram glitter e microplásticos em ostras e mexilhões do estado. O estudo chamado “Investigação da presença de microplásticos em moluscos de cultivo em Santa Catarina”, analisou ostras logo após o Carnaval de 2023, e detectou partículas brilhantes nos animais.

A pesquisa revelou que os mariscos catarinenses estão contaminados por microplásticos, que são ingeridos pelos animais quando eles se alimentam. Os estudantes do curso técnico em Recursos Pesqueiros encontraram microplásticos em todas as amostras de água que analisaram. As amostras foram coletadas nas cidades de Penha e Bombinhas, no Litoral Norte catarinense.

Thiago Pereira Alves, professor que liderou a pesquisa, conta que tem a intenção de prosseguir com análises periódicas das ostras e mexilhões ao longo das diferentes estações do ano. O objetivo é chamar a atenção para os riscos do consumo de microplásticos.

Segundo Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram), 95% dos mariscos, ostras e vieiras produzidos no Brasil vêm de Santa Catarina, estado que lidera a aquicultura nacional. Além dos impactos à vida marinha, a contaminação por microplásticos é uma ameaça ao setor.

Como o microplástico chega ao nosso prato?

A contaminação ocorre quando ingerimos alimentos de origem animal com resquícios de plástico. Estudos sugerem que há mais de 14 milhões de toneladas de microplásticos no fundo dos mares. Com espessura ultrafina, os microplásticos são provenientes de qualquer objeto de plástico que se deteriora ao ser descartado na natureza.

Expostos ao plástico em seus habitats, os animais frequentemente o confundem com alimento. O material já foi encontrado no organismo de moluscos, mexilhões, ostras, sardinhas enlatadas e outros animais consumidos por humanos.

“Ao filtrarem a água para se alimentarem de fitoplâncton, também conhecido como microalga, os mexilhões e as ostras acabam ingerindo essas partículas de microplástico, provenientes do processo de degradação do plástico no ambiente marinho”, explica Thiago Pereira Alves.

O professor também explica que nós não digerimos o plástico,mas, pode percorrer nosso sistema digestivo, liberando substâncias tóxicas durante esse processo, que podem afetar o sistema endócrino, imunológico e nervoso, além de atrair bactérias patogênicas, o que pode provocar infecções, e penetrar nas células, causando danos genéticos e inflamatórios.