Mais de 40% da água potável é desperdiçada no Brasil
No Brasil, cerca de 33 milhões de pessoas não têm acesso a água potável. O desperdício é um dos fatores que agrava esse cenário. Mais de 40% da água é desperdiçada antes de chegar ao consumidor final. Os motivos são vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. A análise é Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados.
O levantamento mostra que o desperdício cresceu 3,6% nos últimos cinco anos, atingindo a marca de 40,3% em 2021. No ano foram desperdiçadas aproximadamente oito mil piscinas olímpicas de água tratada por dia (cerca de 7,3 bilhões de m³). O volume poderia abastecer 17,9 milhões de brasileiros que vivem nas favelas do país durante um ano e meio.
Se o desperdício caísse para 25%, aproximadamente 25,7 milhões de brasileiros poderiam ter acesso a água tratada durante um ano. O valor corresponde a mais de 75% das pessoas que ficaram sem abastecimento em 2021. A redução das perdas renderia R$ 54,8 bilhões em ganhos brutos ao país até 2034. Os ganhos líquidos podem chegar a R$ 27,4 bilhões em 13 anos, aponta a análise.
O levantamento “Perdas de água 2023 (SNIS 2021): Desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico no Brasil” é baseado nos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O estudo avaliou as cinco macrorregiões do Brasil, seus 27 estados e as 100 cidades mais populosas.
O estudo apontou que a região Norte, que mais possui deficiência de serviços básicos, é a que mais desperdiça água, sendo responsável por 51,16% do total desperdiçado em 2021. Em seguida estão Nordeste (46,15%); Sudeste (37,97%); Sul (36,89%); e Centro-Oeste (36,18%). Entre 2017 e 2021, a região que mais apresentou piora foi o Sudeste, com aumento de 3,62 pontos percentuais.
Ranking de desperdício de água por estados
1. Amapá: 74,8%;
2. Acre: 74,4%;
3. Roraima: 64%;
4. Rondônia: 61,4%;
5. Maranhão: 59,2%;
6. Amazonas: 53%;
7. Rio Grande do Norte: 52,2%;
8. Mato Grosso: 48,4%;
9. Sergipe: 48,4%;
10. Alagoas: 47%
11. Pernambuco: 46%;
12. Piauí: 45,3%;
13. Ceará: 45,2%;
14. Rio de Janeiro: 45%;
15. Rio Grande do Sul: 42%;
16. Bahia: 39,7%;
17. Espírito Santo: 38,8%;
18. Minas Gerais: 37,5%;
19. Pará: 37,4%;
20. Tocantins: 35,5%.
21. Paraíba: 35,4%;
22. Distrito Federal: 35,1%;
23. São Paulo: 34,5%;
24. Santa Catarina: 34,1%;
25. Paraná: 33,8%;
26. Mato Grosso do Sul: 33,4%;
27. Goiás: 28,5%;
O Instituto Trata Brasil destacou a importância do envolvimento de entes governamentais, empresas do setor e sociedade civil, na execução de soluções eficientes e sustentáveis para superar o desperdício de água tratada no país.
Para a organização, a conservação dos recursos hídricos é um compromisso coletivo, e somente com ações conjuntas é possível assegurar um futuro mais próspero e sustentável para todos.