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Amazônia perdeu 21 árvores por segundo em 2022

Amazônia perdeu 21 árvores por segundo em 2022

Em quatro anos de governo Bolsonaro, entre 2019 e 2022, foram reportados mais de 303 mil eventos de desmatamento no Brasil, totalizando 6,6 milhões de hectares. Os dados compõem o Relatório Anual de Desmatamento (RAD 2022), do projeto MapBiomas, divulgado no início do mês.

Segundo o levantamento, foram desmatados 234 hectares (ha) por hora em 2022, cerca de 5.636 ha por dia. Só a Amazônia perdeu 2,3 ha por minuto e 21 árvores por segundo no ano passado. Para os pesquisadores, a velocidade do desmatamento pode estar ligada ao alto investimento na atividade: desmatadores têm dinheiro e maquinário para desmatar nessa velocidade.

A área sob alerta de desmatamento nos últimos quatros anos é maior que os territórios do Rio de Janeiro e Espirito Santo somados. Somente em 2022, o país perdeu 2.057.251 hectares, um crescimento de 22,3%. Juntos, Amazônia e Cerrado responderam por 70,4% dos alertas e 90,1% dos 2.057.251 ha derrubados no ano passado.

Amazônia e Cerrado são os biomas mais devastados

Em termos de área, a maior área derrubada foi na Amazônia, que perdeu 1.192.635 hectares no ano passado, o equivalente a 58% do total desmatado no país. Mas, em termos proporcionais, o Cerrado levou a pior considerando o tamanho do bioma: foram 659.670 ha perdidos, cerca de 32% da área destruída em 2022.

Todos os biomas sofreram com o aumento da destruição, com exceção da Mata Atlântica. A Caatinga ficou com 18,4% dos alertas e 6,8% da área perdida no Brasil. O Pampa teve a menor área de alertas (0,2%) ante um aumento de 27,2% na área derrubada de 2021 para 2022. No Pantanal houve queda nos alertas (-8,9%), mas a área desmatada entre os dois últimos anos cresceu 4,4%.

O Matopiba, fronteira agrícola que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 26,3% da área desmatada no Brasil em 2022. Mais de 80% das perdas do Cerrado ocorreram na região. A Amacro, que abrange parte do Amazonas, Rondônia e Acre, abrangeu 11,3% do desmatamento.

Onde o desmatamento ocorreu

Mais de 80% da área desmatada no país em 2022 estava dentro de propriedades privadas inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), indicou o levantamento. Embora tenha sido detectado desmatamento em apenas 1,1% dos imóveis do CAR, essa pequena parcela respondeu por 79% dos alertas do país.

Ao todo, 60.183 alertas de desmatamento emitidos em 2022 se sobrepõem total ou parcialmente com áreas do CAR. A maior concentração de imóveis com desmatamento está na Amazônia (56%), Cerrado (23%) e Caatinga (13%). Dos imóveis cadastrados no CAR com desmatamento validado em 2022, 39.063 (52%) foram reincidentes, ou seja, tiveram registro de desmatamento em mais de um ano, informou o MapBiomas.

Enquanto o desmatamento avança em imóveis rurais, territórios quilombolas e indígenas permaneceram como os mais preservados do Brasil. O desmatamento em Terras Indígenas representou 1,4% da área total em 2022, enquanto a derrubada em terras quilombolas correspondeu a 0,05% do desmatamento registrado no ano passado.

Na análise por setores, a agropecuária foi a atividade que mais desmatou, sendo responsável por 95,7% (1.969.095 hectares) do total desmatado no Brasil em 2022. O agro causou mais destruição que o garimpo, que respondeu por 5.965 ha, e a mineração (1.128 ha).