População selvagem de pau-brasil é descoberta no Rio de Janeiro
Uma população natural de pau-brasil (Caesalpinia echinata) foi descoberta dentro do Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio de Janeiro. A espécie, também conhecida como Ibirapitanga, foi um dos primeiros itens explorados pelos portugueses, e quase desapareceu devido à intensa exploração.
O registro de novas árvores renova as esperanças de preservação do pau-brasil, que é símbolo do nosso país. Os novos indivíduos foram encontrados na Trilha Transcarioca, perto do Aqueduto do Barata, pelo voluntário e coordenador do trecho, Diego Monsores.
Para confirmar o registro, Diego entrou em contato com a botânica Patrícia Rosa, doutoranda da Escola Nacional de Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ENBT/JBRJ), que conduz trabalho sobre as populações remanescente de pau-brasil no Estado.
“Nós estamos trabalhando num projeto de ciências cidadã chamado Pedra Branca Biodiversity, onde a gente insere registros de diversidade no aplicativo iNaturalist. Então, sempre que estamos caminhando pela trilha, tentamos fazer registros de plantas e de animais. Estávamos caminhando no trecho e eu vi algumas plantas muito semelhantes ao pau-brasil, só que eu precisava de um especialista pra confirmar isso”, contou o voluntário ao portal O Eco.
Após análise in loco, Patrícia atestou que o nascimento das árvores ocorreu naturalmente, sem intervenção humana. Com a ajuda de Diego, a botânica encontrou o exemplar mais antigo, a “arvore mãe” do grupo, e vários indivíduos jovens. A equipe do Jardim Botânico segue realizando testes enquanto descobre a idade exata das árvores.
Para Patrícia Rosa, a descoberta valida a importância de ações de conservação que envolvem voluntariado, turismo ecológico, unidades de conservação e a ciência de conservação de plantas.
O pau-brasil
Diego Monsores explica que o pau-brasil é uma espécie que ocorre em áreas mais secas. Um exemplo disso é a região onde está a população recém-descoberta, marcada pelo solo raso e bem drenado. Trata-se de um local propício para ocorrência de pau-brasil, mas que até então não havia nenhum registro.
Endêmica do país, a espécie recebe o título de Árvore Nacional desde 1978. Antes abundante, o pau-brasil quase foi extinto pela exploração predatória desde 1500. Recentemente, teve seu nome científico modificado, tornando-se a primeira e única espécie do gênero Paubrasilia.
Com até 30 metros de altura, o pau-brasil possui madeira avermelhada, pesada e dura, sendo empregada na construção naval, bem como na confecção de artefatos de luxo. Também é utilizada na medicina tradicional devido às suas propriedades adstringentes e antidiarreicas. Sua casca é usada para minimizar cólicas menstruais, enquanto o chá da folha poder auxiliar no controle do diabetes.
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Com informações de O Eco